Os dois mundos vividos pelo Guarani: a urgência de vencer no Recife e a pressão para triunfar no dérbi 203

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Podemos dizer sem sombra de duvidas: a CBF aprontou uma maldade com o Guarani. Nesta terça-feira, às 21h30, o confronto é contra o Náutico. Mas não é qualquer Náutico. O alviverde vai encarar o atual campeão pernambucano e semifinalista da Copa do Nordeste, quando caiu apenas para o Fortaleza, lanterna do Campeonato Brasileiro. Sim, mas integrante da Copa Libertadores de América.

O Guarani terá diante de si um oponente com seis pontos ganhos e na nona colocação e que se vencer pode aproximar-se dos ponteiros da competição. Osso duro de roer. Querem uma prova disso? No ano passado, o Timbu venceu por 3 a 1 no Brinco de Ouro e empatou por 1 a 1 no estádio dos Aflitos.

Para completar o receituário, o Guarani gera mais desconfiança do que esperança. Venceu o Criciúma com a calça nas mãos e ainda não exibiu um futebol convincente. Tem quatro pontos. Uma vitória viria a calhar. Faria com a ambição aflorasse e a zona do rebaixamento ficasse definitivamente afastada.

Mas como pensar neste turbilhão de dificuldades se o dérbi é logo ali, no próximo domingo, às quatro da tarde, no estádio Brinco de Ouro? Mais: com o estádio provavelmente lotado de enlouquecidos bugrinos que só pensam em uma única palavra: vitória.

É como colocar o pé em cada canoa. Então, o jeito é apostar em Matheus Pereira para puxar os contra-ataques no Recife e preservar Giovanni Augusto para ganhar do rival. É cobrar Daniel Paulista por uma melhoria de rendimento na competição e depositar esperança de que ele pode fazer a diferença e sustentar a invencibilidade no clássico, com duas vitórias e um empate.

Temos que ser justos: o calendário golpeou o Guarani. Porque enquanto a Ponte Preta vive intensamente o clássico desde esta terça-feira pela manhã, o Guarani precisa fazer um esforço mental e emocional para que a expectativa do confronto local não contamine o foco empreendido na Veneza brasileira.

O que fazer? Como sair da cilada? Seria cômodo pedir para Daniel Paulista blindar o elenco até quarta feira e depois tudo ficar direcionado para o domingo. Desculpe, não é sua função. Escalar, treinar, fazer escolhas, arquitetar surpresas táticas já são tarefas demais colocadas nas costas de uma única pessoa. É arranjar um bode expiatório por antecipação. É condenar sem dar direito de defesa.

Perceba: os grandes clássicos do futebol brasileiro tem intensa não só dos treinadores e jogadores, mas também dos dirigentes. Em Grenais, Denis Abrahão está lá pronto para agitar as hostes gremistas. Em determinadas partidas ou clássicos, o Flamengo sabe que Marcos Braz vai dar as caras. Nem que seja para ser insultado. No Corinthians, Duilio Monteiro Alves lutam contra tudo e todos. Principalmente a imprensa.

E no Guarani? Pois é. São 180 minutos para a vida do clube. Dois jogos vitais e importantes. Um clássico que mexe com a cidade e cercado de tradição e mistério. E o que vemos? Um Conselho de Administração silencioso e uma Superintendência de Futebol fora de órbita, sem desejo de atender aos anseios do torcedor. Não foi para isso que bugrinos lutaram por mudanças políticas nos ultimos anos.

Faça uma revisão histórica e você verá que em dérbis e jogos decisivos tanto Leonel Martins de Oliveira como Luiz Roberto Zini, apesar de todas as falhas de gestão nunca se furtaram a utilizarem a imprensa para não somente convocar a torcida, mas buscar transmitir uma mensagem de otimismo. E hoje? O que prevalece? Fica apenas a declaração do presidente do Guarani, Ricardo Moisés, que afirma sem pudor que o clube não é pautado pela torcida. Ou seja, querem arquibancadas passivas e digam amém.

Enquanto isso, Daniel Paulista pensa em estratégias para triunfar nos Aflitos e sobreviver. Mas ele sabe que no fundo é o exercito de um homem só. É com ele que vai buscar o triunfo. Custe o que custar.

(Elias Aredes Junior com foto de Thomaz Marostegan- Guarani F.C)