Perguntar não ofende: A diretoria executiva quer fritar Gilson Kleina na Ponte Preta?

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“Fora Kleina!” transformou-se em slogan na torcida da Ponte Preta. A reprovação ao trabalho do treinador vice-campeão paulista beira a unanimidade. Não importam os argumentos sobre a baixa qualidade do elenco, a ausência de opções no setor de criação ou a  (ou nenhuma) produção decepcionante de atletas dos quais esperava-se muito como Renato Cajá. Nada interessa. Todos querem Gilson Kleina demitido e pronto.

O turbilhão é ácido e cortante e não oferece saída. Nem tanto. Afinal, a diretoria executiva adota a postura estranha: muda, cega e surda. Sem reação em relação ao drama vivido pelo treinador.

Se compararmos com outras situações vividas na própria Ponte Preta no passado, imaginar que ocorre um processo lento e gradual de fritura contra o treinador não é  delírio. Infelizmente.

Cito dois casos. No ano passado, o técnico Alexandre Gallo foi contratado para a reta final do Campeonato Paulista. Não obteve a classificação para as quartas de final mas evitou um rebaixamento que parecia eminente. Apesar disso, a diretoria de futebol concluiu na época que o trabalho deixava a desejar e a demissão foi consumada com a contratação imediata de Eduardo Baptista para o Campeonato Brasileiro.

Eduardo Baptista acertou sua transferência ao Palmeiras em dezembro e o auxiliar técnico Felipe Moreira foi efetivado. A equipe não evoluiu, não tinha consistência tática e uma eliminação nos pênaltis para o Cuiabá na Copa do Brasil foi suficiente para no dia seguinte o gerente de futebol, Gustavo Bueno e o diretor de futebol, Hélio Kazuo aparecerem em público e anunciarem o desligamento do profissional. Alguns dias foram transcorridos até que a vontade de Sérgio Carnielli prevalecesse e Gilson Kleina fosse contratado.

Foi bem no Paulistão? Não há dúvida. O time tinha velocidade e um ataque avassalador com William Pottker, Clayson e Lucca. No Campeonato Brasileiro, com a perda de atletas o técnico precisou se reinventar e por enquanto não convenceu. Pior: colheu resultados negativos responsáveis por detonar um espiral de revolta na torcida, como as derrotas para Atlético-GO e Vitória, o 0 a 0  com o Avaí e os empates contra Vasco e Fluminense no Majestoso. A derrota para o Atlético Mineiro foi mais um capítulo desta novela com contornos de dramaticidade.

O time não evolui, Gilson Kleina apanha em praça pública e o que faz a diretoria executiva? Nada. Ora, se a direção acredita que este é o rumo correto, que o treinador deve receber um voto de confiança, que apareça em público e ratifique a linha de trabalho.

Novas derrotas podem mudar a opinião? Podem. Só que o silêncio em relação ao massacre sofrido pelo ser humano Gilson Kleina chega a exibir requintes de maldade involuntário.

Impossível aceitar a desculpa de “estilo administrativo”. O futebol não aceita vácuo ou omissão. O Internacional deu o exemplo. Guto Ferreira ficou ameaçado de ser demitido após a derrota para o Vila Nova. Toda a imprensa contava com tal fato. O diretor de futebol Roberto Mello, foi para a coletiva concedeu apoio ao treinador e estipulou os jogos finais do turno como prazo final para uma reação. Guto Ferreira foi para o campo, treinou, arrumou o time minimamente e os resultados surgiram.

Convenhamos: por maior que sejam os defeitos do trabalho de Gilson Kleina (e eles existem), a diretoria pontepretana não fez nada parecido. Então a dúvida fica no ar: o que acham? O trabalho é bom? Ruim? Merece um voto de confiança? Ninguém sabe, ninguém viu.

Enquanto decidem se vão ou não defender a metodologia de trabalho, o ser humano Gilson Kleina apanha dia e noite. É, antes de tudo, um ato lamentável.Competência administrativa também é importar-se com o bem estar do profissional contratado. Os comandantes da Macaca se importam com isso? Aguardemos.

(análise feita por Elias Aredes Junior)