Pesquisa divulgada nesta segunda-feira, dia 23, pela Pluri Consultoria demonstra que a Ponte Preta teve despesas com futebol de R$ 391 milhões no período de 2010 a 2019. Neste período, a Macaca participou de cinco edições do Brasileirão e foi rebaixada nos anos de 2013 e 2017 e permanece até hoje na Série B.
Em termos de despesas, a Macaca só fica a frente do Avaí, que gastou R$ 256,6 milhões e colheu como fruto cinco participações na primeira divisão do Brasileirão e quatro quedas. A performance da Ponte Preta, no entanto, é inferior ao do Coritiba, que de 2010 a 2020 tem oito participações na Série A e apenas um rebaixamento (confira a lista completa abaixo).
À primeira vista, os defensores da atual administração podem alegar que o performance é normal diante daquilo que é o cenário atual do futebol brasileiro, marcado pela disparidade econômica entre as equipes. Se você analisar de maneira pormenorizada chegará a conclusão de que era possível gastar mais e melhor e obter resultados mais satisfatórios.
Alertamos que excluímos Bahia e Athletico Paranaense desta conta.
Por que? Por que seus gastos e receitas já se aproximam muito mais de equipes de grande porte do que times de patamar médio ou pequeno. Para se ter uma ideia, de 2010 a 2019, o Furação gastou 856 milhões enquanto que o tricolor baiano dispendeu R$ 669 milhões para cumprir seus compromissos.
A Ponte Preta não é um clube situado em uma cidade pequena. Campinas tem 1,2 milhão, de acordo com o IBGE e sua região metropolitana conta quase 3,3 milhões de habitantes em 19 cidades. Não está tão distante das cidades em que estão sediados os seus concorrentes (confira abaixo)
Campinas tem universidades de ponta, um mercado bancário pujante e uma economia dinâmica. Não cola a desculpa de que não é uma capital e que por isso não atrairia investimentos ao futebol, seja por intermédio de patrocínios ou um portifólio interessante no programa de sócio torcedor, o que automaticamente daria suporte para aumento de despesas e campanhas mais satisfatórias. Claro, levo tudo isso em conta se a Macaca passasse a gastar melhor o seu dinheiro. O que não é caso atual.
Por onde a Macaca deve caminhar para ampliar a despesa e conseguir campanhas de melhor qualidade? A resposta está em uma expressão: investimento nas categorias de base. Construção de um CT moderno para revelar jogadores de ponta, fazer caixa e conseguir viabilizar times competitivos, o que geraria despesas mais altas, mas feitas com maior competência.
Sejamos sinceros: Ivan não deveria ser exceção e sim a regra, assim como Vinicius Zanocello. Na pior das hipóteses, a Ponte Preta não gastaria tanto com jogadores medianos e limitados como nos últimos anos e não jogaria tanto dinheiro fora. Ou seja, uma despesa sem qualidade.
O fato é que os dirigentes da Ponte Preta fazem pose e autopropaganda, mas o levantamento da Pluri demonstra: há espaço para melhoria nos gastos e obtenção de melhores resultados. Basta querer. (texto, reportagem e análise: Elias Aredes Junior)
GASTOS DAS EQUIPES MÉDIAS E PEQUENAS COM PARTICIPAÇÃO REGULAR NO BRASILEIRÃO- PERIODO DE 2010 A 2019
CORITIBA R$ 588,9 milhões
SPORT 541,1 milhões
VITÓRIA 498,8 milhões
GOIÁS 408,7 milhões
PONTE PRETA 391,1 milhões
AVAÍ 256,6 milhões
(fonte: Pluri Consultoria)
PARTICIPAÇÕES NA DIVISÃO DE ELITE NO PERIODO DE 2010 A 2020
CORITIBA: 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017 (rebaixado), 2020- Oito participações e um rebaixamento
SPORT: 2012 (rebaixado), 2014, 2015, 2016, 2017, 2018 (rebaixado),2020: sete participações e dois rebaixamentos
VITÓRIA (BA) : 2010 (rebaixado), 2013, 2014 (rebaixado), 2016, 2017, 2018 (rebaixado): seis participações e três rebaixamentos
GOIAS: 2010 (rebaixado), 2013, 2014, 2015 (rebaixado), 2019, 2020- Seis participações e três rebaixamentos
PONTE PRETA: 2012, 2013 (rebaixada), 2015, 2016,2017- Cinco participações, dois rebaixamentos
AVAI: 2010, 2011 (rebaixado), 2015 (rebaixado), 2017 (rebaixado), 2019 (rebaixado)
POPULAÇÕES DAS CIDADES DE ACORDO COM O IBGE
SALVADOR: 2,6 milhões
CURITIBA: 1,752 milhões
RECIFE: 1,555 milhões
GOIANIA: 1,296 milhões
CAMPINAS: 1,2 milhões
FLORIANÓPOLIS: 508. 826 milhões