Em situação normal e corriqueira, dirigentes de Ponte Preta e Guarani estariam ao redor de suas mesas e preocupados com os números divulgados hoje pelo Datafolha em relação a preferências dos torcedores no Brasil. Vamos por um instante esquecer a abordagem sobre a disputa entre bugrinos e pontepretanos na Região Metropolitana de Campinas. O foco é outro.
O levantamento diz que de cada 100 torcedores na região sudeste, 19 torcem para o alvinegro paulista, 14 para o rubro-negro e 21 não torcem para time nenhum. Ou seja, se levarmos esta média para as nossas cidades, sobram apenas 46 torcedores em grupo de 100 para serem conquistados. E desse total, 22 torcedores, já estão ou com São Paulo, Palmeiras e Santos. Mesmo que os times cariocas não estejam presentes, a distribuição de preferência entre santistas, palmeirenses e são paulinos é notória.
Ou seja, a margem de manobra é estreitíssima para Ponte Preta e Guarani buscarem mercado. Vou além: dizer que conquistar títulos e forjar ídolos pode ser suficiente para cativar a arquibancada é uma meia verdade.
Explico: nas décadas de 1970, 1980 e 1990 as transmissões de televisão eram escassas ou existia uma equiparação. Tudo isso ficou no passado. A prioridade é total ao Corinthians, monopolista das transmissões e do enfoque no noticiário. Como a busca pela audiência é fraticida, as emissoras adotam a chamada bola de segurança. Se não é Corinthians, o foco fica em Flamengo, Vasco ou Palmeiras.Um expediente que prejudica até os outros gigantes paulistas, confinados ao pay per view.
Inclua neste balaio as crianças e seu fanatismo por equipes europeias. Toda semana temos um jogo do Arsenal, Barcelona, Real Madrid, entre outros. Uma pergunta que não sei responder e talvez nenhum torcedor campineiro saiba: como as equipes de Campinas podem se contrapor a um oponente tão poderoso?
Este cenário justifica as cobranças fortes realizadas por este Só Dérbi em relação da melhoria de infra-estrutura nos dois clubes, método pormenorizado de contratações e dirigentes profissionais na acepção da palavra, sabedores dos desafios colocados por gigantes nacionais e internacionais. Os resultados recentes são bons? Sim. Mas é no médio e longo prazo que é construída uma estrutura decente.
A pesquisa do Datafolha escancarou a necessidades de medidas urgentes em Campinas. Antes que seja tarde demais.
(análise feita por Elias Aredes Junior)