Ponte Preta, a quinta força que não ocupa seu espaço no Paulistão. Até quando?

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Centro de Treinamento moderno, condições de trabalho bem azeitadas e salários em dia. São requisitos que neste deserto de normalidade no futebol brasileiro deveria levar qualquer equipe média para a ponta da tabela. Ao vislumbrar tal cenário, não dá para entender a Ponte Preta fora das finais do Paulistão. Não só neste ano, diga-se de passagem..

Nos anos pares deste século, excetuando-se em 2006, quando uma equipe do interior não vencia o Campeonato Paulista, chegava pelo menos a final ou faturava o caneco. O Ituano conquistou em 2002 e dois anos depois presenciou a final entre São Caetano e Paulista, vencida pelo time da região do ABC. Claro, não para negar que a Ponte Preta posteriormente puxou a fila em 2008 ao perder a final para o Palmeiras. Santo André (2010), Guarani (2012), Ituano (2014) e agora o Osasco Audax completam a lista de finalistas.

Tal revezamento não pode esconder o óbvio: pelo seu poderio financeiro e presença na divisão de elite do Campeonato Brasileiro, a Ponte Preta deveria ser mais presente. Pelo menos na semifinal, em que chegou apenas em 2012 e perdeu para o principal rival. Muito pouco.

Mais do que torcer contra o Audax, tanto torcedores como diretoria da Ponte Preta como seus torcedores devem entrar em período de reflexão. Buscar entender como o atual “primo rico” do interior paulista não faz diferença em seu próprio quintal. 

Quando o imponderável aparece uma vez dá até para entender. Duas vezes e a explicação capenga surge do nada e é engolida. A partir do terceiro revés fica difícil justificar a ausência do grito de campeão.

Diretoria incompetente? Não chego a tanto. Todos os integrantes participaram da campanha do Brasileirão de 2015 e o próprio presidente de honra Sérgio Carnielli viveu momentos inesquecíveis nos últimos 19 anos. No entanto, a decepção por ficar fora da festa não pode esconder que os dirigentes da Macaca ainda estão presos a vínculos, lastro histórico e identidade para contratar. Ou seja, pontepretano de raiz pode quase tudo. Até falhar. Quem é forasteiro tem a guilhotina como companheira.

Técnicos ineficientes? Não é esse o motivo. Ou alguém contesta as passagens de Gilson Kleina, Guto Ferreira e Jorginho pelo estádio Moisés Lucarelli? Todos com bons trabalhos e com algo em comum: o lamento pela falta de um detalhe que atrapalhou a busca da conquista marcante. Kleina ficou de mãos atadas com a apatia dos atletas contra o Guarani em 2012; Jorginho usou Fernando Bob na lateral esquerda em lugar de Uendel na final da Copa Sul-Americana; Guto Ferreira fez uma Série B impecável em 2014 e tanto ele como Adrianinho foram vítimas dos caprichos do destino.

Jogadores incapazes? Não dá para abraçar a tese. Afinal, o que não faltou nos últimos anos no Estádio Moisés Lucarelli foi a presença de atletas talentosos e capazes de cativar o coração da torcida: Uendel, Fernando Bob, Elias, Renato Cajá, Aranha, Biro Biro, Roger, Pablo…A lista é enorme. Por que a qualidade reconhecida não foi traduzida em mais participações em finais do Paulistão? Pois é.

Torcida ansiosa? Temos que admitir: pegamos no pé e por vezes até criticamos a torcida da Macaca. Mas sua paciência é elogiável após tantos problemas e dissabores. Uma paciência e uma paixão capaz de colocar 30 mil pessoas em uma final de Copa Sul-Americana no Estádio do Pacaembu. Ou que arregimenta 4 mil torcedores para invadir a Argentina na final da mesma competição. A torcida não é vilã, é vitima de um calvário que parece sem fim.

Bem, se treinadores, jogadores, diretoria ou a torcida não são culpados, qual fator é determinante para a Macaca não disputar títulos com frequência no Paulistão? Quem descobrir certamente libertará a Macaca deste jugo no futuro e entrará para a história.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Fábio Leoni-Pontepress)