Ex-presidentes da Ponte Preta colocaram o dinheiro no clube e agora querem o dinheiro de volta. Foram a Justiça, conseguiram o bloqueio das contas e deixaram a atual diretoria em situação delicada.
Interessante a reação nas redes sociais. Por enquanto prevalece a narrativa de que esses ex-dirigentes querem prejudicar a Ponte Preta. É um quadro cômodo para atual Diretoria Executiva. Qualquer sobressalto no gramado e a desculpa está pronta.
Um aviso: este clima favorável para a atual gestão tem prazo de validade.
Primeiro porque se a campanha for insatisfatória na Série A-2 e as condições financeiras ficarem mais graves, será inevitável a mudança de narrativa e os culpados serão alterados. Afinal, dois problemas não estarão resolvidos, o do gramado e o financeiro.
Quem é vilão hoje poderá virar heroi amanhã. E vice-versa. A capacidade do presidente Marco Antonio Eberlin para entender e tocar o futebol valerá muito pouco.
Sem contar uma verdade incômoda: a torcida não esqueceu as promessas do MRP sobre a necessidade de colocar em longo prazo a Ponte Preta em outro patamar.
De construir um novo protagonismo. Esse novo cenário e a falta de uma solução só depõe contra os componentes da chapa e os planos políticos e administrativos. Mais do que fazer promessas, é preciso transformá-las em realidade.
Quem ocupa o poder tem que resolver os problemas. Sempre. Injusto? Não sei. Só sei que a política de clube é conduzida desta maneira.
Muitos torcedores suportaram resultados ruins nos últimos 25 anos com a esperança de que um novo grupo aparecesse e colocasse a casa em ordem. Imagine o tamanho da frustração se isso não virar realidade. “Ah, mas os ex-dirigentes atrapalham, não deixam as coisas acontecerem na Ponte Preta”. O conceito tem bases fincadas na realidade, mas se a bola não entrar é certo que qualquer ideia ou conceito vai por água abaixo se mais um ano na Série A-2 for sacramentado. Ou um rendimento decepcionante na Série B for viabilizado.
Não podemos esquecer que a atual direção venceu ao fazer uma campanha em que denunciava o esgotamento administrativo personificado na chapa DNA Pontepretano. Ou seja, a expectativa era de que algo diferente fosse feito ou que problemas antigos não fossem repetidos.
É preciso mudar o rumo desta história. Antes que seja tarde demais.
(Elias Aredes Junior)