Começo de temporada. Ponte Preta cheia de moral. Veio o Campeonato Paulista. Um balde de água fria! Pior foi assistir a um, até então, improvável Audax brigando pelo título no lugar que poderia ser seu. Tal cenário justifica porque superar a desconfiança do torcedor da Macaca tem que ser a prioridade no trabalho da diretoria do time, especialmente às vésperas de mais um início de Campeonato Brasileiro.
Reverter o pessimismo das arquibancadas que impera nas redes sociais – e o medo de, mais uma vez, ter seu orgulho ferido – depende, exclusivamente, de resultados. Porém, mais do que os três pontos ao final de uma partida, o que o torcedor espera é ver um time a altura de sua história. É ter em campo uma equipe que o represente, com raça. Com superação.
Neste sentido, algumas mudanças parecem promissoras. O técnico Eduardo Baptista – filho de Nelsinho Baptista, que tem grande identidade com a Macaca – chegou e, pelos treinos, já dá sinais de que haverá melhoria.
Nomes como os do atacante Roger, outro velho conhecido (que vem de boa campanha no RDB), e do meia William Pottker (Figueirense) são igualmente animadores, assim como o do meia Tiago Galhardo, ex-RDB, que deve ser apresentado oficialmente nos próximos dias.
Porém, o que mantém aquela “pulga atrás da orelha” é o sistema defensivo. É uma preocupação relevante. Porque costuma ser uma das estratégias para surpreender o favoritismo de times com orçamentos maiores o recuar para contra-atacar.
O trio que se revezou no Paulista, Thiago Alves, Fábio Ferreira e Douglas Grolli teve atuação irregular. Os dois zagueiros contratados Antonio Carlos (Flamengo) e Kadu (ex-Grêmio) não estavam entre os titulares de suas equipes anteriores.
As laterais da Ponte – levando em conta o jogo contra o Genus, pela Copa do Brasil – apresentam espaços que não podemos ver em campo, assim como a atuação dos volantes – são seis, atualmente – precisa melhorar. Aliás, neste último setor, difícil aceitar a lesão de Elton, que vai tirar o atleta do time, por pelo menos dois meses. A esperança maior fica concentrada no retorno de Renê Junior, após passagem pelo futebol chinês. Mas, pergunta o torcedor, como estará o ímpeto dele quando pisar no gramado?
Penso que o fundamental nessa retomada da equipe é o motivacional. Se Baptista convencer o grupo que, mais do que talento individual, será o conjunto da Macaca o diferencial, as chances de sucesso não são desprezíveis. Se conseguir o treinador aplicar a prometida e necessária variação técnica, com estudo minucioso de cada adversário, tenho certeza que a torcida fará sua parte, sendo o 13º jogador.
Esta é, também, mais uma chance da diretoria mostrar que sabe o que está fazendo. Caso contrário, outras mudanças serão essenciais, especialmente no comando.
(Análise de Adriana Giachini)