Ponte Preta: Jeh e as periferias que habitam no Majestoso. Por Israel Moreira

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Foram dois jogos sem balançar as redes. Na derrota acachapante para o Novorizontino por 3 a 0 e o empate por 2 a 2 em casa contra o Moleque Travesso. Nesta quarta-feira,  novamente em território inimigo, o centroavante balançou as redes abrindo o caminho para a vitória por 3 a 1  contra o Rio Claro. Nesse contexto, existe um fato importante que precisa ser descrito e observado pelo torcedor…

Jeh, o artilheiro da Ponte na competição com seis gols em oito jogos, é o grande destaque dessa equipe e principalmente por dois motivos simples. Primeiro por ser uma surpresa para a comissão técnica e diretoria. Jeh conseguiu pelo menos por enquanto, substituir à altura o atacante Lucca em um curto período, e sua ligação intrínseca com “as gerais do Majestoso”.

Jeh é “cria” da zona leste de São Paulo, distrito de Cidade Tiradentes, o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina. Segundo o censo da prefeitura municipal da capital em 2010, o distrito possui uma população de 211 mil pessoas.

Em 2019, o mapa da desigualdade divulgado pela Rede Nossa São Paulo, constatou que na região do extremo leste, os moradores vivem em média 24 anos a menos que moradores da região de Moema (alto padrão).

É nesse contexto periférico, de desigualdades e pobreza, que o atacante ponte-pretano foi lapidado. Muitas foram as dificuldades, obstáculos e barreiras, para que Jeh chegasse onde chegou.

No futebol e em especial na Ponte Preta, atletas com histórico de vida igual ao do atual “matador’, tem como aliado as arquibancadas e alambrados do Moisés Lucarelli. É  uma relação direta de explosão e principalmente, identidade.

Ao comemorar os seus gols em direção aos torcedores das gerais (organizadas e povão), Jeh se sente um deles, se orgulha de ser um represente das periferias que ali se habitam, em cada olhar e alegria de gritarem o seu gol.

A riqueza popular da Associação Atlética, se misturam e se fortalecem a cada gol de um de seus filhos, que vestem suas “vestimentas e vão guerra”!

Jeh é filho da periferia, “as gerais e os alambrados do Velho Moisés”, reconhecem e celebram os seus, a cada gol e olhares direcionados a eles, porque seja Zona Leste de São Paulo, nos Dics ou nas arquibancadas do Majestoso, como profetizou Edi Rock, “Periferia é Periferia em Qualquer Lugar”.

*Israel Moreira é Radialista e Pesquisador. Especial para o Só Dérbi