“Isso aqui tá bom demais” é a musica interpretada por Dominguinhos e Chico Buarque e reafirma a expressão por diversas vezes. E deve estar mesmo para o torcedor pontepretano. Vencer o Sport por 1 a 0 e embalar a sexta vitória em casa na Série B do Campeonato Brasileiro demonstra por A mais B que a Macaca transformou o seu estádio não apenas em um fortim e sim em um lugar de aconchego, inclusão e acolhimento ao torcedor.
Tudo começa nos arredores do estádio. O encontro com os amigos, a confraternização com a cerveja gelada e o riso fácil para relembrar os fatos do passado e a construção da esperança no presente são belos ingredientes.
Quando você vai na arquibancada, a história fica com você. Conceição, Donana, Décio Cardoso…Quantos pontepretanos sentaram nesses locais!. Quantas vitórias, empates e derrotas foram vividos naqueles pedaços de cimento. Só no estádio Moisés Lucarelli, mais de mil vitórias.
No Campeonato Paulista e no primeiro turno da Série B, todo este preambulo era prejudicado por aquilo que acontecia no gramado. Alias, o que não acontecia. Agora, o roteiro parecia de um filme dramático com final feliz.
Podemos fazer um resumo do jogo para dizer o seguinte: a Ponte Preta foi beneficiada por um penalti marcado pelo árbitro de vídeo, saiu na frente e depois precisou administrar a vantagem no segundo para assegurar os três pontos. Esta é uma descrição boa para quem deseja mensagens telegráficas, mas esquece dos meandros que deixam o futebol rico, apaixonante e único.
Começa por Lucca, artilheiro da Macaca na Série B. Fez o gol por encontrar-se antenado com o rebote do goleiro Saulo. E depois transformou-se em um obediente soldado do técnico Hélio dos Anjos, tal a sua determinação para marcar.
Quem olhava a partir da arquibancada do Majestoso também percebia os herois anônimos como Fábio Sanches. Zagueiro experiente e com espirito único de liderança. E com capacidade de antecipar-se na marcação que livrou a Macaca de várias enrascadas.
Também tivemos as surpresas saborosas, como o desempenho de Fraga e que virou um coadjuvante de luxo para Wallison. Wallison é a principal surpresa do futebol pontepretano em 2022. Chegou com desconfiança, fez algumas partidas ruins e hoje é o centro da intensidade e da velocidade desejada pelo técnico Hélio dos Anjos.
Cá para nós: do que adianta esperar um espetáculo sem uma estrela reluzente? Este atende pelo nome Elvis. Técnico, com visao de jogo, é daqueles que suscita no torcedor um comportamento normal das décadas de 1970 e 1980, que é de comparecer ao estádio para assistir um determinado jogador. Entendo e compreendo aqueles que vislumbram no atual camisa 62 uma extensão de jogadores do passado como Dicá e Renato Cajá. Natural.
Nada disso seria válido sem a existência algo subjetivo e presente em todos os setores da vida. Alguns chamam de quimica. Outros de entrosamento ou junção dos outros.
O fato é que tudo isso acontece no Majestoso durante 90 minutos. E vitória por vezes parece surgir naturalmente.
Pena que a fórmula foi descoberta tarde demais. Uma pena que o futebol de excelência só tenha aparecido no segundo turno. É para se lamentar que briga do acesso parece distante e sem nexo.
Ou seja, os jogos que restam em casa devem servir não somente para somar pontos, mas também para celebrar o sentimento de ser pontepretano, o reencontro da torcida com o time, o resgate da Ponte Preta para o seu povo. Para os pobres, agora em condições de pagar um ingresso para assistir ao seu time do coração.
Um avant premiere da mobilização que pode ser a Série A-2 do Campeonato Paulista, em que acesso a divisão principal do futebol paulista é obrigação. Ou seja, o que já é pressão por natureza pode virar algo pior.
Enquanto o novo desafio não vem que o torcedor curta o momento. Porque está bom demais.
(Elias Aredes Junior- Foto de Alvaro Junior-Pontepress)