Nestas idas e vindas da negociação de Fernando Bob e o interesse de grandes clubes brasileiros, vários torcedores da Ponte Preta encaminham a seguinte pergunta: não valeria a pena direcionar o dinheiro arrecadado com a venda do Clayson (R$ 3,5 milhões) para a aquisição dos direitos econômicos do volante?
Existem aspectos positivos e negativos. Bob é um jogador de 29 anos e que praticamente não tem mais mercado para revenda. Gastar o dinheiro na compra do volante junto ao Internacional neste momento de carência ofensiva da Macaca seria uma providência temerosa e inconsequente se olharmos sob o prisma da gestão esportiva. Ao adquirir o jogador, existiria a necessidade de reformular o contrato do atleta, com um novo salário e Alvinegra com a responsabilidade de pagar tudo. Na atualidade, o Internacional ajuda a pagar parte dos vencimentos, o que faz com que o volante não extrapole o teto salarial de R$ 120 mil mensais.
Este jornalista e colunista, por sua vez, entende a torcida e o seu clamor. Comprar os direitos econômicos de Fernando Bob seria uma sinalização concreta do desejo da diretoria de investir no time. De apostar em um trabalho de médio e longo prazo com a meta de sustentar seus principais jogadores e buscar conquistas.
Hoje, por causa da disparidade da distribuição de cotas de televisão, a Macaca está envolvida em um circulo vicioso: um jogador é contratado em viés de baixa ou com sede de projeção; ele aparece na Ponte Preta, recebe o interesse de equipes, rescinde o contrato e faz com que ocorra a necessidade de remontar o time.
Querem um exemplo? Relembre o time que atuou no Majestoso e venceu o Santa Cruz no dia 16 de outubro por 3 a 0, e escapou de qualquer risco de rebaixamento: Aranha, Nino Paraíba, Douglas Grolli, Antônio Carlos e Reinaldo; João Vitor, Wendel (Thiago Galhardo), Maycon e Rhayner; Clayson (William Pottker) e Roger. Dos 13 jogadores acionados no dia, estão no elenco apenas o goleiro Aranha e o lateral Nino Paraíba. Convenhamos: fica difícil pedir conquistas sem estabilidade de elenco.
Reforço: não reivindico atitudes absurdas. Nada disso. Entendo sim, o gesto de parte da torcida em querer a manutenção de Bob como um sinal concreto de ambição e de construção de um time titular que dure além de dois ou um único campeonato. Claro, dentro dos limites da responsabilidade orçamentária e sem produzir déficits impagáveis. É difícil? Sim. Aqueles que entram para a história não fazem o trivial e sim abraçam a ousadia e a criatividade como parceiras. Que o imbróglio com Bob sirva para despertar um conceito tão simples.
(análise feita por Elias Aredes Junior)