Entender de tática, estabelecer bom relacionamento com atletas e diretoria não são os únicos requisitos que produzem um bom treinador de futebol. Sensibilidade e sabedoria para tomar as decisões adequadas fazem parte do pacote. Talvez este atributo ainda não está devidamente formatado na metodologia de trabalho do técnico Mauricio Barbieri.
Apesar de ter jogado com 10 jogadores nos 15 minutos decisivos após a expulsão de Uederson, dá para cravar: o Guarani perdeu a chance de faturar três pontos, apesar do desempenho sofrível de alguns componentes no quesito técnico.
A escolha da delegação já foi um equívoco. Ok, Braian Samudio estava gripado e não poderia atuar como titular. Rogério foi cortado por deficiência técnica. Deveria? Se estivéssemos em um campeonato cujas as inscrições estivessem liberadas, entenderia. Só que falamos de uma competição com limite de 25 atletas de linha liberados e com o sofrimento de cartões e lesões. Mais: a colocação de Lorran como opção de banco não cola. Até os corredores do Brinco de Ouro sabem a falta de confiança depositada no jogador. Rogério está mal? Que fosse colocado no banco de reservas. Nem que sua utilização acontecesse em último caso.
Vem o jogo e a intenção do treinador foi a de colocar Uederson como opção de velocidade no lado direito, em cima do lateral-esquerdo Matheus. Não deu certo. O Guarani foi acuado em vários instantes e a única saída para fazer o desafogo e o trabalho era com Denis Neves e Marcinho. Uederson? Dominado pela marcação e preocupado em acompanhar Fernandinho. Fumagalli? Arrastava-se em campo. Aos 19 minutos do segundo tempo, o treinador tira Marcinho e aposta em Eliandro. Objetivo: ganhar na base da força física dos lentos zagueiros Odair e Walter. Foram precisos 10 minutos para Eliandro provar o seu valor e cravar mais um gol.
Mais o efeito colateral já estava colocado: o Guarani não tinha poder de criação diante da falta de fôlego de Fumagalli e de Uederson encontrar-se bem marcado. A expulsão aos 33 minutos do segundo tempo foi consequência do destempero de um jogador sem saída. Pense: se aos 19min, ao invés de tirar Marcinho, o excluído fosse Fumagalli ou o próprio Uederson, certamente a expulsão não faria tanta falta. Motivo: o camisa 20, bem ou mal, continuaria esforçando-se na missão de tirar o time do desafogo e formatar o contra-ataque. E com uma diferença: a companhia de Eliandro, um artilheiro nato.
Como não foi isso que aconteceu. O Rio Claro foi para cima, encurralou o Guarani, fez dois gols e só tomou o empate porque o Alviverde foi premiado pelo acaso.
O ponto colhido não pode apagar o essencial: com suas decisões cheias de boa intenção, mas equivocadas, o técnico Maurício Barbieri foi o fator decisivo para a perda de dois pontos preciosos.
(análise feita por Elias Aredes Junior)