Quem vai encarnar o espirito do Camisa 10 no dérbi 204?

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O futebol ficou diversificado. Tem número para tudo quanto é gosto. Quando atuou pelo Ajax e Barcelona e com a camisa da Seleção Holandesa, Johan Cruijff vestia a camisa 14.

Causava estranhamento.

Hoje não.

O futebol virou um bingo durante a divulgação das escalações.

Os repórteres gritam os números como se fosse uma corrida da sorte. 22, 44, 57, 78…Tem para todos os gostos. Mas algo não muda: a mistica da camisa 10. Ela decide. Faz diferença. E quando o craque não veste a 10, o torcedor faz um exercício imaginário sobre o manto do atleta.

O derbi marcado para o próximo sábado, as 11 horas da manhã será um encontro de dois armadores em situações opostas.

Elvis veste a camisa 62, mas tem jeito, pose, comportamento e postura de camisa 10. Desde que estreou com a camisa da Macaca, a produtividade do ataque foi potencializado as alturas. Assistências, arrancadas, viradas de jogo, enfiadas de bola…o repertório é vasto.

Chegou com status de estrela e fez jus a aposta depositada pela diretoria executiva comandada por Marco Antonio Eberlin. Elvis desfila no gramado e torcedor tem a impressão que ele era a peça que faltava no mosaico pontepretano.

Apesar da pontuação mediana, quem senta nas arquibancadas do Majestoso sempre tem uma frase na ponta da língua: “Ah, se ele tivesse chegado antes”. Sob os seus pés está o caminho da vitória pontepretana.

E no Guarani? O que dizer do atual camisa 10? Giovanni Augusto ficou fora por vários jogos por lesão e o time caiu de ponta a cabeça. Parecia sem explosão e reação. Ele entrou contra o Náutico e não foi brilhante.

Aliás, essa é a caracteristica que chama atenção na sua trajetória no Guarani. Giovanni Augusto é essencial? Não há duvida. Mas não arranca suspiros. Não emociona. Não faz jogadas mirabolantes. Tudo isso é verdade.

Mas em um elenco feito de maneira errática e com jogadores limitados, qualquer centelha de talento faz diferença. Isaque chegou, tentou atuar pela faixa central do gramado, mas o segundo tempo contra o Náutico comprovou que o seu lugar é pelo lado.

Ou seja, Giovanni Augusto é ainda o único capaz de fazer uma jogada diferenciada, um lance que pode surpreender o estádio que certamente estará lotado.

Nos pés de Giovanni Augusto e Elvis estão depositadas as angustias e aflições dos torcedores aprisionados pelas emoções geradas pelo clássico do interior paulista.

Que já teve duelos inesquecíveis. E com camisas 10 de respeito. No lado do Guarani, jogadores como Neto, Djalminha, Fumagalli Régis foram capazes de eternizarem os seus nomes.

Assim como a Ponte Preta conta com Dicá, que disputam 30 derbis e perdeu apenas três. Motivo mais do que suficiente para a idolatria em torno de seu nome na Macaca. Sem esquecer nomes como o de Renato Cajá, que em 2011 além de conseguir o acesso com a camisa da Ponte Preta assegurou triunfos inesqueciveis contra o principal rival.

Um novo capitulo será escrito no próximo sábado. Elvis e Giovanni Augusto são fortes candidatos a protagonista. Em um futebol pobre de ideias e talentos, a camisa 10, o papel de armador clama por holofote. Que o gramado do Majestoso vire palco de uma exibição de gala de um dos dois jogadores. Ou dos dois. O futebol agradecerá. De joelhos.

(Elias Aredes Junior-Foto