Renato Gaúcho está a um passo de arrebatar o título da Copa do Brasi. Vai quebrar um tabu gremista de 15 anos sem títulos. O São Paulo vive uma crise endêmica. Não avança na classificação do Campeonato Brasileiro e provavelmente ficará mais um ano sem classificação à Copa Libertadores de América. Ou seja, jogadores e ídolos em seus clubes são chamados para colocar a história no rumo correto. Uma prática deixada de lado pelo futebol campineiro e que merece reflexão.
Alguns dados são intrigantes. Ponte Preta e Guarani seguiram rumos distintos. Giba, ídolo da torcida bugrina e já falecido teve papel preponderante para o Alviverde escapar do rebaixamento na Série B em 2011. Foi o 12º lugar com 52 pontos. No primeiro semestre, coube a Vilson Tadei, volante bugrino na década de 1980 levar o time à Série A-1. A partir deste acesso e depois do rebaixamento à Série C em 2012, tanto Álvaro Negrão como Horley Senna tentaram sair do atoleiro com treinadores renomados ou que tinham um trabalho destacado para exibir. Tarcisio Pugliese, Evaristo Piza, Marcelo Veiga, Pintado, Paulo Roberto Santos, Márcio Fernandes…Todos profissionais com boa folha de serviços prestados, mas sem uma ligação umbilical com o clube. Nem Evaristo Piza, pois não foi figura destacada no time profissional.
Na Ponte Preta, Sérgio Guedes foi o último ex-jogador que sentou no banco de reservas da Macaca. Foi no Campeonato Paulista de 2010 e após o seu fracasso abriu espaço para o aparecimento de um novo perfil de treinador após os fracassos com Jorginho e Givanildo de Oliveira: estudiosos e com vontade de crescer na carreira. Excetuando-se os veteranos Paulo César Carpegiani e Oswaldo Alvarez todos os anos entraram neste perfil: Gilson Kleina, Guto Ferreira, Sidney Moraes, Jorginho, Dado Cavalcante, Doriva, Alexandre Gallo ou Vinicius Eutropio.
Frutos foram colhidos neste período? Não há dúvida. De um lado ou de outro. Exemplo disso é o vice-campeonato brasileiro bugrino na Série C por parte do Guarani neste ano ou o vice-campeonato no Campeonato Paulista. Na Macaca, o vice-campeonato na Sul-Americana e os acessos obtidos em 2011 e 2014 na Série B. Dois feitos a serem elogiados.
Tanto no estádio Brinco de Ouro como também no Majestoso não dá para explicar e justificar a utilização deficiente dos craques do passado na estrutura do clube. Se existe insegurança quanto ao conhecimento destes personagens ao vislumbrar um futebol cada vez mais competitivo porque algumas providências não foram tomadas. Exemplo: pagamento de cursos de reciclagem realizados pela CBF ou por entidades internacionais (como a UEFA) ou o estabelecimento de troca de informações com a Unicamp, cuja Faculdade de Educação Física tem um setor de pesquisa voltado para diversos temas. É um caminho para amenizar a defasagem.
Considero a competência o critério básico para atuar em qualquer clube de futebol. Como também acho deplorável quando o provinciano cego toma conta e despreza-se a experiência de profissionais de outros centros. No entanto, é urgente preparar os ídolos nativos para os desafios do futebol atual, cada mais globalizado.
O que não dá para compreender é ver gente que fez a história de Ponte Preta e Guarani não ser devidamente aproveitado. Até o torcedor aprovaria se tal iniciativa fosse adotada.
(análise feita por Elias Aredes Junior)