Reportagem Especial (Parte II): Aragão tirou a chance de título do Guarani?

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Após 30 anos da emocionante decisão do Brasileirão de 1986 e disputada em 1987 a pergunta  paira no ar: qual a participação de José de Assis de Aragão na definição do resultado? Ao fazer uma pesquisa no acervo dos jornais Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo, o Globo e Jornal do Brasil, a conclusão que se chega é que sua escalação foi marcada por polêmica desde o início.

O então presidente bugrino Leonel Martins de Oliveira acusou o presidente são-paulino Carlos Miguel Aidar de ter forçado a escalação de Aragão. O mandatário do tricolor rebateu dizendo que vetou a presença de Romualdo Arpi Filho, que segundo ele, estaria em um baile carnavalesco na véspera da decisão.

O presidente bugrino não abaixou a metralhadora giratória. “É o São Paulo o clube que, como tem mostrado a imprensa, vem sendo especialista em violência dentro do seu estádio. Juízes e jogadores adversários tem sido constantemente agredidos por seguranças no Morumbi. Apenas não posso me responsabilizar, porque o Aragão já cometeu erros demais contra o Guarani. Não acredito que um erro dele, ainda que voluntário, venha a ser aceito passivamente”, disse Leonel Martins de Oliveira em declaração publicada no Jornal “O Globo” do dia 26 de fevereiro de 1987.

Quando a bola rolou, a temeridade do dirigente bugrino ganhou argumentos. Uma prova disso é o centroavante bugrino Vagner, que entrou no lugar de Tite na etapa inicial da prorrogação e cuja expulsão gerou uma paralisação de cinco minutos. No relato do jornal “O Globo” do dia 26 de fevereiro de 1987 o atleta não poupou o juiz. “Ele disse que minha mãe era vagabunda e me chamou de maconheiro”, disse na ocasião.

O lance mais controverso aconteceu aos 29min da etapa final. O atacante bugrino João Paulo penetrou na área, foi derrubado pelo zagueiro Vagner e Aragão não marcou pênalti.

Com tais atitudes, Aragão entrou para a história como o vilão da decisão. Aos 77 anos, está aposentado após ser funcionário da Prefeitura Municipal de São Paulo, ter administrado o estádio do Pacaembu e exercido a a presidência do Sindicato dos Árbitros do Estado de São Paulo. Também  foi integrante do CNE (Conselho Nacional do Esporte) por dois mandatos.

Quanto aos cartolas, ambos depois tiveram finais melancólicos na vida política de seus clubes. Leonel Martins de Oliveira, reconduzido ao cargo em 2006,  foi destituído do cargo pelos conselheiros em 22 de novembro de 2011 enquanto Carlos Miguel Aidar renunciou a presidente do São Paulo em 13 de outubro de 2015. Ele tinha sido assumido em 16 de abril de 2014.

(texto e pesquisa: Elias Aredes Junior)