Presidente de clube não joga. Não coloca a bola na rede. Sequer é responsável pela escalação. Mas é o representante do clube perante as instituições constituídas e a torcida. Nesta semana, Ponte Preta e Corinthians estão envolvidos na preparação para o jogo de domingo e com boa carga de tensão. O Alvinegro paulista por querer a reabilitação e a reafirmação da liderança. A Macaca por jogar quase que uma última cartada para fugir do rebaixamento. Roberto Andrade e Vanderlei Pereira estão na linha de frente e tomaram posições distintas e que de certa forma demonstram a receptividade de um e de outro na opinião pública.
Esqueça a disparidade econômica. O que importa é analisar o gesto, a postura no instante de turbulência. O presidente corinthiano abriu espaço a um grupo de torcedores organizados para conversar com o elenco líder do Campeonato Brasileiro.
Roberto de Andrade defende o diálogo com o torcedor para evitar como última consequência a depredação do patrimônio do clube. Ato contínuo, participou de entrevista coletiva e não teve pudor em desautorizar um repórter que perguntou sobre uma suposta bronca nos vestiários por causa de atletas que estariam na balada. Inegável a postura do dirigente. Foi a frente, encarou os fatos, interferiu no debate da opinião pública e colocou sua posição. No programa “Fox Sports Rádio” por exemplo, passou de 20 a 30 minutos não só para explicar as suas medidas, mas também negociações e renovações de contrato para 2018. Sem intermediários.
Pegue agora o comportamento de Vanderlei Pereira. Viu seu time entrar na zona de rebaixamento após 100 rodadas. Deu uma declaração pública apenas quando aconteceu o incidente com torcedores em Viracopos. E para anunciar que processaria os agressores. O que é certo, diga-se de passagem.
No restante do tempo, nenhuma palavra de incentivo ou de satisfação ao torcedor. O distanciamento atingiu seu ápice com a divulgação da carta cujo o dirigente só pede apoio e não faz nenhuma autocritica sobre os erros registrados. Bom comparar com Roberto Andrade, que admite a oscilação corinthiana no Brasileirão e que faz de tudo para estancá-la.
Vanderlei Pereira comparece aos treinamentos. Entra mudo e sai calado. Sem qualquer declaração a imprensa. O exercício do poder para Vanderlei Pereira e seus aliados, mesmo que eles não queiram admitir é algo isolado, sem nexo com a principal razão de ser da Ponte Preta, o torcedor. Já Roberto Andrade, apesar do poderio econômico, sabe que um clube de raiz popular como o Corinthians não pode desconectar-se das arquibancadas por completo. Apesar da elitização conduzida pela Arena de Itaquera. O seu companheiro Vanderlei Pereira teve desleixo neste quesito e agora colhe uma impopularidade considerável.
Repito: Eduardo Baptista e seus jogadores podem exibir uma jornada de superação e vencerem a partida de domingo. No entanto, a postura de Roberto Andrade e de Vanderlei Pereira diante da turbulência explica em boa parte o quadro de suas equipes no Brasileirão.
(análise feita por Elias Aredes Junior)