O domingo entra na reta final. Pouco importa que o Flamengo venceu o Volta Redonda e está na final da Taça Rio. O presidente rubro negro Rodolfo Landim é o principal derrotado do final de semana. Não há como esconder. Sem mexer uma palha, a Rede Globo venceu e indiretamente concedeu argumentos aos clubes médios e pequenos, cenário em que está inserido a dupla campineira.
Landim bancou a cobrança de R$ 10 para que torcedores assistissem o jogo por um portal de transmissão. Que tem um péssimo histórico na Copa São Paulo. Aconteceu o inevitável: a demanda foi gigantesca e o site não deu conta. Resultado: a transmissão ao vivo foi para o Youtube e de graça. Pergunta: como ressarcir aqueles que pagaram? Ok, digamos que o reembolso seja imediato. Como apagar o vexame protagonizado pelo presidente rubro negro?
O fato é que alguns fatores precisam ser colocados ao distinto público . A primeira é que transmissão de televisão custa caro. Demanda investimento em tecnologia e pessoal. Não é algo que se consegue do dia para a noite. Fazer tudo na base da voluntariedade e não se importando com as consequências gera fruto amargo.
Concordo com as criticas direcionadas a Rede Globo. Conversei na última semana com dirigentes e ex-comandantes de clubes que tem uma queixa única: a forma deplorável que a Rede Globo trata os clubes na mesa de negociação.
Fica a pergunta: o que os clubes fizeram nestes últimos anos em relação a construção de uma proposta conjunta e unitária para se contrapor a tal monopólio?
As que foram aventadas os próprios cartolas destruíram. Em 2010, o falecido presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, viabilizou uma licitação para a aquisição dos direitos do Campeonato Brasileiro para TV Aberta, TV Fechada, internet e pay per view. Na ocasião, uma empresa de telefonia apresentou uma proposta que era o dobro daquela que foi oferecida pela Rede Globo.
O que fizeram os clubes? Deixaram koff sem eira e nem beira e foram todos promover negociações individuais com a Vênus Platinada. Anos depois, a Primeira Liga não saiu do papel também graças a desunião.
O que os dirigentes e a maioria dos torcedores não conseguem compreender (ou não querem) é que mudanças bem feitas não ocorrem com gritaria, xingamentos, poses imperiais ou jogadas de quem se diz espertalhão.
É com estudo, planejamento, profissionalismo, meticulosidade, debate, sagacidade e capacidade de unir todos os atores em torno de uma única proposta.
Mais: o fracasso da venda fechada do Flamengo também é um recado para os clubes médios e pequenos: transmissões por plataforma não é 100% a maravilha que dizem.
Repito: o modelo de conceder direito de transmissão ao mandante não é ruim. Desde que seja discutido exaustivamente no Congresso Nacional e que todos possam participar e de lá sair um modelo de negócio que esteja de acordo com as características do futebol brasileiro.
Se quiser livrar-se das amarras da Rede Globo, que seja algo estudado planejado e feito com inteligência e não com ressentimento. Landim escolheu este ultimo e tomou uma bela paulada na tarde deste domingo. Tomara que aprenda.
(Elias Aredes Junior)