Só bom aproveitamento salva o atual trabalho na Ponte Preta ? Alexandre Gallo responderia não!

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Para defender a atual gestão do técnico da Ponte Preta, muitos torcedores e analistas agarram-se na premissa de que a pontuação é boa, satisfatória e isso basta. Ser segundo colocado no grupo D é o carimbo de competência do trabalho do treinador Felipe Moreira.

O primeiro semestre deve ser analisado com lupa no futebol brasileiro. No caso dos times médios, o parâmetro deve ser a da busca da excelência exacerbada. Ou seja, a produção no regional tem que ser utilizada como sinalização daquilo que acontecerá a partir de maio no Brasileirão. Ou detectar a necessidade de mudança. A Macaca já seguiu os dois caminhos e se deu bem.

Vou utilizar dois exemplos vividos na própria própria Ponte Preta. Guto Ferreira assumiu a Macaca em meados de 2014 e conduziu a campanha do acesso. Foi vice-campeão da Série B e ficou para o Paulistão. O time contratou diversas caras novas e muitos foram colocados sob dúvida. Biro Biro é um modelo acabado da teoria.

Como o trabalho já era sólido e bem montado, a eliminação nas quartas de final para o Corinthians e com um gol de Renato Cajá anulado injustamente deixou um ar de indignação. Por que? O time era ajustado. Tinha triangulações pelos lados, tocava a bola no meio-campo, era corajoso no embate com os adversários e exercia uma marcação sob pressão exemplar. E por favor, não venham argumentar a inexistência de jogadores contestados. Tiago Alves não era um zagueiro cuja as arquibancadas eram apaixonadas. E Rildo era constantemente cobrado, quase no mesmo estágio atual de Clayson. Importa recordar que o time tinha uma cara e uma maneira de jogar.

Veio o Brasileirão e nas cinco primeiras rodadas, a Alvinegra de Guto Ferreira dos 15 pontos disputados, ganhou 13 contra Grêmio, Cruzeiro, São Paulo, Chapecoense e Vasco. Guto Ferreira saiu na sequência? Verdade. Mas nem Doriva ou o próprio Felipe Moreira ousaram efetuar mudanças profundas na filosofia de trabalho que gerou a décima primeira posição com 51 pontos.

E no ano passado? Vinicius Eutrópio teve problemas de adaptação e  foi demitido. Na sequência, Alexandre Gallo foi contratado e posteriormente tinha a missão de escapar de qualquer risco de rebaixamento. Se pudesse obter a classificação, melhor. Obteve seus objetivos, mas o departamento de futebol na época entendeu a conjuntura como de risco e dispensou Gallo para contratar Eduardo Baptista. Interessante observar que o conceito válido para Gallo não vale por enquanto para Felipe Moreira. Pelo menos em termos de avaliação.

Como prova basta reler um trecho do comunicado da diretoria pontepretana publicada no site oficial no dia 15 de abril de 2016 e que comunicou a demissão de Gallo. “.(…)Apesar do excelente trabalho no comando da equipe (Gallo teve mais de 64% de aproveitamento e chances reais de se classificar para a próxima etapa do Paulista), a Diretoria de Futebol entendeu que havia necessidade de mudanças e que elas deveriam ser feitas neste momento para que fosse aproveitado o período de praticamente um mês que antecede a estreia da Macaca no Brasileiro (…)”. Pergunta: será que boa pontuação e aproveitamento são motivos suficientes para segurar um técnico na Ponte Preta? Aparentemente não. Só se existirem dois pesos e duas medidas. ( a noticia completa está aqui)

Apesar da fragilidade fora de casa, o time foi reformulada por Eduardo Baptista, uma nova concepção foi buscada e dentro de casa, a produção foi satisfatória tanto na pontuação como na produção. A oitava colocação com 53 pontos reflete tal cenário.

Vamos refletir e pensar juntos. Na atual conjuntura, com esse futebol que joga na atualidade, com esses jogadores e o treinador, mesmo com a contratação de um armador de qualidade, a Macaca tem condições de vencer o Santos no Brasileirão?Arranca ponto do Flamengo? E do Fluminense? É páreo para o bom time do Cruzeiro de Mano Menezes? O esquema defensivo segura e com volantes adeptos da ligação direta é comparável ao Atlético Mineiro de Roger Machado? E o Botafogo de Montillo, Camilo e Roger?

Agarrar-se apenas na pontuação para defender o trabalho de Felipe Moreira com unhas e dentes é limitador. No futebol atual, pontuação eficiente é bom, mas produção satisfatória é fundamental.

(análise feita por Elias Aredes Junior)