Tempo: aliado ou inimigo da Ponte Preta na Série B do Campeonato Brasileiro?

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São Paulo - Torre do relógio da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo - CEAGESP, na zona oeste.

O tempo rege nossas vidas. Somos controlados pelo relógio. Minutos, segundos, décimos de segundo. Você precisa dar conta de tudo. Não pode e não deve perder a hora. A pressa acelera o ponteiro. Os compromisso parecem que fazem tudo girar mais rápido. Tempo, tempo…As vezes temos a sensação de fartura. Em outras de escassez. Como é dificil vencer e administrar o tempo!

O futebol é uma armadilha para o tempo. São dois tempos de 45 minutos. É o que você tem á disposição para marcar gols, construir vitórias ou idolos. O tempo determina tudo. Decreta sentenças. 

A Ponte Preta por muito tempo foi refém do tempo. Os anos pareciam cumpridos, eternos, fora de foco. Tempo estabelecido para transmitir conceitos ou destruir ideias. 

Para o torcedor pontepretano, se fosse pela sua vontade ele não queria que o tempo passasse rápido nos anos de 1970, 1977, 1979, 1981. Eram tempos em que a ampulheta da bola rodava mais devagar. Até porque quem não gostaria de ver craques como Dicá, Marco Aurélio, Wanderley Paiva? Cada jogada, triunfo ou volta no gramado tinha que ser eterno. Sem hora para terminar. 

Tudo acontecia em um passe de mágica. Nada parecia fora do lugar. O encaixe parecia perfeito. E quando olhamos para videos daquela época ou reportagens arquivadas em Bibliotecas, o tempo parece um capricho, um adendo sem nexo. 

Até que veio os dias sombrios. Rebaixamento em 1987, sufoco para retomar o lugar de excelencia no futebol e ver o tempo passar novamente no ritmo desejado. O acesso de 1997 parecia a rebeldia de quem desejava desgustar o tempo novamente no seu ritmo, no seu desejo. 

Até que veio a politica.

Eu falo da politica danosa, ácida, sem sentido. Em que a ambição tem a ousadia de roubar o tempo. De decretar em um estalar de dedos o que pode e o que não pode ser alvo dos ponteiros do destino. O homem querendo dominar o tempo e o espaço de um clube de futebol. Parecia que tudo iria por água abaixo.

A tempestade tão intensa e com solavancos produziu dissabores como rebaixamento á Série A-2 do Campeonato Paulista. A torcida da Macaca já sabe que dois caminhos serão expostos a partir de primeiro de janeiro de 2023. A trilha da redenção ou do sofrimento. Será o tempo de escolher. E de viver a Ponte Preta em sua intensidade máxima. 

Só que a vida também é feita de refrescos. De recomeços. De renovação de esperança. Esse é o tempo vivido pelo torcedor da Ponte Preta. 

Concordo, ainda não dá para sonhar com o acesso. Ou com um desempenho que faça o time encostar no pelotão da frente. 

Isso não impede de se constatar a magia do futebol. Hoje o torcedor pontepretano tem um tempo diferente para viver. Tempo de presenciar a regularidade de Caíque França.

Ou a postura destemida de Igor Formiga. Tempo de deliciar-se com o dinamismo de Felipe Amaral, Léo Naldi ou o talento refinado de Elvis. O ponteiro trava, roda em câmara lenta. Como no gol de Fessin no dérbi 204. Tudo parado. Coração acelerado. A beleza de um gol desafia o tempo. Rompe a alma e eterniza no coração. 

Amanhã a Ponte Preta joga contra o Novorizontino.

Confronto fora de casa. Gana de somar três pontos e buscar uma retomada de vitórias.

E se empatar?

E em caso de derrota?

Não tem problema. Quando a gente está de bem com a vida, o tempo sempre tem algo de bom para nos oferecer. Especialmente se o assunto for o time do nosso coração. Que o tempo seja generoso e cordato com que abraça esta paixão de 122 anos. 

Elias Aredes Junior com foto de oto: Rovena Rosa/Agência Brasil