A entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta feira com o presidente do Guarani, Ricardo Moisés e com o Superintendente Executivo, Michel Alves, provoca algumas reflexões. A primeira é que realmente existem números positivos a serem exibidos. A soma de 60 pontos na Série B, a briga pelo acesso até a última rodada, jogos com boa presença de torcida, rendimento satisfatório de jogadores…Não faltam motivos para elogiar. A torcida reconhece isso. Torcida também.
Mas vou roubar uma frase dita por um companheiro de profissão. “É insuportável como no futebol todo mundo só quer tapinha nas costas. Por outro lado, diante da avalanche de críticas das redes é preciso construir uma imagem positiva, próxima do torcedor. Talvez esta tenha sido a intenção do superintendente executivo de futebol Michel Alves na entrevista coletiva desta quarta-feira. Em um momento, resistência a aceitar críticas; em outro, arroubos de humildade.
Quando foi analisar os goleiros Gabriel Mesquita e Rafael Martins Michel Alves ficou na defensiva: “A gente traz o Rafael Martins, que ficou entre os quatro melhores goleiros do Campeonato Brasileiro pelo Brasil de Pelotas. Aí sim, também todos teceram elogios às contratações. Começa uma competição muito difícil. A gente tem que lembrar que vestir também a camisa do Guarani tem um peso muito grande. Não é para qualquer. Não só o Rafael quanto o Gabriel, mas como os outros atletas tiveram as suas oscilações. É normal”.
Pausa para reflexão. Não vou gastar o meu latim e enumerar os inúmeros pontos que o Guarani perdeu na Série B por falha direta dos goleiros. E não eram falhas acidentais. Eram problemas decorrentes de escorregadas técnicas, equivocos bisonhos ou ausência de conceitos básicos. Pergunto: Michel Alves queria o quê? Que todos tecessem elogios? E mais: Wilson, Tadeu, Diogo Silva…ninguém deles oscilou de modo absurdo. Só os goleiros bugrinos. Isso não pode ser criticado? É proibido? Pois é.
Só que na mesma conversa, de modo quase que inacreditável, Michel Alves desencadeou um arroubo de autocritica e humildade: “Os profissionais se dedicam aqui a esse clube com um compromisso inacreditável. É inacreditável. O Guarani é um clube em que as pessoas têm o prazer de estar trabalhando. O Ricardo e o CA proporcionam isso. É muito legal. Erros e acertos acontecem. Eu vou errar muito. É assim que eu vou aprender. Existe um amadurecimento da minha chegada até o dia de hoje, mas o mais importante é você ter essa humildade de reconhecer e a capacidade de a cada dia melhorar. Se não, assim a gente não evolui. Imagina se acertasse em tudo? A gente estaria em uma zona de conforto. Não é isso que eu quero estar. Eu sei do compromisso. Eu sei o que a torcida espera do meu trabalho. Eu tenho a minha maneira de ser. Às vezes, existe até algumas coisas que as pessoas falam que eu sou um cara muito sério”, disse.
Sinceramente, torço para que em 2022, caso permaneça, esta versão aberta e humilde de Michel Alves prevaleça. Certamente todos vão ganhar. Inclusive o Guarani.
Confira a íntegra da entrevista coletiva com Michel Alves
(Elias Aredes Junior-foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)