Um papo com torcedor sobre Ponte Preta, dívida com Sérgio Carnielli e o temor pelo futuro

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Gosto de conversar com torcedores conscientes. Especialmente aqueles com argumentos e que colocam suas ideias de maneira educada e cordata. Na sexta-feira um deles me procurou pelo serviço de Messenger do Facebook .

Foi uma boa oportunidade para esclarecer de minha parte alguns pontos da cobertura deste portal. Deixei claro a ele e falo a todos que este site tem um jornalismo de oposição, ou seja, que fiscaliza e acompanha os atos de poder dos clubes de Campinas. Mas não quer e nunca vai escolher lado A ou B. Tanto que os conselheiros que acompanham os fatos e atos na Macaca já foram criticados aqui. Não gostaram? Paciência. Aqui não há correia de transmissão.

Um outro ponto enfoquei. Que este Só Dérbi tem o objetivo de sempre dar voz e vez para aqueles que nunca foram ouvidos. E refletir sobre seus pontos de vista.  Algo que pouco foi feito nos últimos anos. Isso não quer dizer que aqueles estão contrários ao atual grupo político reinante no Majestoso são infalíveis. Nada disso. Muito longe.

Em dado instante, a conversa virou o foco para o presidente de honra Sérgio Carnielli. E quero destacar uma declaração deste torcedor que chamou minha atenção. É a seguinte:  “O Carnieli se acostumou com o poder.Mas também tirou a Ponte de uma falência. Mas tem um problema de 100 milhões.  Como ele recebe isso sem a venda do estádio? Você e sua família aceitariam doar 100 milhões a um time?Nem eu”, afirmou.

Destaquei tal fala porque reverbera na mente de muitos torcedores da Ponte Preta. Não incluo os fanáticos e cegos por Carnielli. E sim aqueles sem qualquer ligação política e que só querem o bem do clube.

Precisamos desenvolver o seguinte raciocínio: ninguém forçou ou obrigou Carnielli a aportar o dinheiro no clube. Ele fez porque quis. De livre e espontânea vontade. Ponto. Deveria receber? Em um país decente e com regras reguladas sim, com certeza.

Trecho da Conversa com torcedor pontepretano que originou este artigo

Só que alguns descuidos adotados pelo próprio Carnielli não podem passar batido. Sejamos práticos: destes valores colocados no caixa do clube, qual a quantia aprovada pelo Conselho Deliberativo? Sim, porque de acordo com o estatuto da própria Ponte Preta, o órgão máximo do clube é o Conselho Deliberativo.

Reforço o questionamento: esses aportes foram aprovados pelo Conselho? Se foram em qual data? Se existir data e aprovação pela maioria não está mais aqui quem falou.

Vamos a próxima etapa.  Digamos que vivemos em um mundo ideal e que tudo tenha sido aprovado pelo Conselho Deliberativo.  Questiono: foi elaborado um plano de pagamento para o presidente de honra com valores, prazos, estipulação de juros e determinação de multa em caso de atraso no pagamento?

Acompanho o noticiário pontepretano de modo ininterrupto desde julho de 2008 e até hoje não tive qualquer noticia a respeito disso. Pelo contrário. Lembro que nas matérias anuais que fazia para o jornal “Tododia” sobre a evolução da divida com Carnielli, a resposta encaminhada por intermédio da assessoria de imprensa quase sempre a mesma: que Carnielli não se preocupava com prazos e pagamentos da divida. E que a colocação do montante na nomenclatura de “Títulos a Pagar” era para evitar a incidência de juros e multas. E até 2012, nem havia identificação de aquela divida era com Sérgio Carnielli. Isso só passou acontecer a partir do balanço publicado em 22 de fevereiro de 2013.

Carnielli deveria receber  o dinheiro de volta? Evidente que sim. Agora, sem regras claras, informações precisas e participação efetiva das instâncias de poder até a construção da arena e a consequente venda do Majestoso pode virar um paliativo para a eliminação do problema. Sem informação, planejamento e rumo torcedores pontepretanos continuarão aflitos e com temor pelo futuro.

(Elias Aredes Junior)