Um presente no dia 11 de agosto: devolver a Ponte Preta à sua torcida

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Fogos de artifício. Bandeiras levantadas. Celebrações e recordações de dirigentes, ex-jogadores e torcedores. Nesta sexta-feira (11) comemora-se o aniversário da Associação Atlética Ponte Preta. Pioneira na luta contra o racismo, destemida para abrir espaço aos mais pobres, sem medo de desafiar o Status Quo. Um clube que transcende significados.

Capaz de transformar um jogador de poucos recursos técnicos como Monga em ídolo incontestável. Ou de cravar um sentimento eterno de gratidão no treinador Abel Braga que atravessa gerações.

Aniversários servem para reflexões. Mudanças. Reviravoltas. Colocar no devido lugar aquilo que merece ser exaltado.

Nos últimos anos, as arquibancadas do Majestoso estão vazias. Apesar da primeira divisão do Brasileirão, das finais da Sul-Americana e do Paulistão. Por que? O que aconteceu? Como explicar?

Não é difícil destrinchar. Basta revisitar a história. Grandes momentos da história da Macaca não têm protagonistas os jogadores ou técnicos. O artista principal era a arquibancada. Foi assim na conquista da Segunda Divisão de 1969. Muitos recordarão de Dicá e Roberto Pinto, mas a maioria que viveu aquela época recorda de pronto as caravanas o interior do estado de São Paulo.

Em 1977 e 1979, o torcedor pontepretano lamenta até hoje o fato da equipe não ter atuado nenhuma final do Paulistão no Moisés Lucarelli. Aposta que a história seria diferente.

A final da Sul-Americana de 2013 tem como recordação principal não o gol de falta de Felipe Bastos e sim as 30 mil almas que invadiram o Pacaembu. Em 2017, a derrota por 3 a 0 doeu não só pela inoperância da equipe no gramado e sim pelo esforço e superação dos torcedores para lotar o Majestoso nos 90 minutos iniciais. Frustração capaz de ferir a alma.

Nos últimos anos, dirigentes enaltecem William Pottker, Biro Biro, Fernando Bob, Eduardo Baptista, Gilson Kleina, Guto Ferreira e outros menos cotados. Esquecem da premissa básica da história da Ponte Preta: o craque, o dirigente astuto, é um detalhe. Eles passam, cravam marcas, recordes, feitos. O clube é que fica.

Uma lição que deveria ser aprendida nos gabinetes. Lauro Moraes, Sérgio Abdalla, Carlos Vachiano, Nivaldo Baldo, Marcos Garcia Costa, Peri Chaib, Marco Antonio Elberlim, Sérgio Carnielli, Vanderlei Pereira, Hélio Kazuo, Giovanni Di Marzio, Gustavo Valio, Márcio Della Volpe, Miguel Di Ciurcio. Quantas vezes você leu ou acompanhou noticias que relatavam as guerras, discussões, embates e futricas destas figuras? Ânsia para viver algo efêmero, artificial e por vazio: o poder.

Neste dia 11 de agosto o torcedor pontepretano tem o sonho de soltar o grito da garganta e soltar o brado de campeão. Sugiro outro presente: que a Ponte Preta seja devolvida de fato e direito à sua torcida. Que nada seja maior do que a instituição. Que merece dias e resultados inesquecíveis para os próximos anos. Parabéns.

(artigo de autoria de Elias Aredes Junior)