Uma lição para Ponte Preta e Guarani: executivo de futebol não faz milagre!

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A cada decepção da Ponte Preta, seja qual for a competição, a mira da torcida fica sobre o gerente de futebol, Gustavo Bueno. Que aliás, dará explicações após a derrota diante do Corinthians. Por ser filho do principal jogador da história do clube, a cobrança é triplicada.  Enquanto isso, outros nomes da diretoria são inocentados, como o seu próprio diretor, Hélio Kazuo.

No Guarani, o quadro não é diferente. O time fracassou na tentativa de alcançar as semifinais da Série A-2 e a culpa recaiu sobre o executivo de futebol, Marcus Vinicius Beck Lima. Anaílson Neves, diretor de futebol? Nenhuma palavra, nenhuma cobrança.

Seria de bom tom lembrar aos torcedores: executivo de futebol não faz milagre. Sem orçamento adequado e uma ideia clara de futebol é impossível viabilizar bons resultados.

Quando faço referência a uma ideia de futebol é quanto ás características do elenco e a forma de jogar. Se a equipe será defensiva, atuará na retranca, se vai valorizar jogadores da base ou experientes, entre outros pontos. Aqui o bicho pega.

Explico: em multinacionais e empresas de grande porte, o executivo é contratado para aferir resultados e colocar em prática diretrizes determinadas pelos acionistas. No Brasil, por comodidade, a resolução tomada foi a de que os gerentes de futebol ou que ocupam cargos similares não só venham com experiência administrativa, mas apliquem seus próprios conceitos, independente do que pensa o dirigente de plantão. Este, por acaso não pensa nada. Comporta-se na maioria das vezes como uma criança que ganha um brinquedo e não sabe como manuseá-lo. O executivo é o adulto que vai introduzi-lo no “novo mundo”.

Exemplo acabado é Rodrigo Caetano, atualmente no Flamengo. Quando dirigiu o Vasco na presidência de Roberto Dinamite teve liberdade para implantar sua visão de futebol. O time funcionava, acesso foi obtido e o flertou com as conquistas da Libertadores e Brasileirão. A sua saída detonou um desmoronamento infinito e que culminou com novos vexames e rebaixamentos.

E por que isso acontece? Por que os dirigentes estatutários não buscam a formação de futebol, seja por intermédio da vivência na várzea ou ao iniciar nas categorias de base. Sem contar as mumunhas, o traquejo para fugir das armadilhas preparadas por empresários e atletas. Ser dirigente de futebol, apesar da pressão incessante virou sinônimo de status, sem necessidade de conhecer o metier.

Gustavo Bueno é cobrado na Ponte Preta, assim como era Marcus Vinícius Beck Lima e como será Nei Pandolfo no Brinco de Ouro. Que dirigentes os dois clubes de Campinas formaram para serem responsáveis para definir a estrada a ser percorrida pelos executivos? Nenhum. Absolutamente nenhum. Na Macaca você pode citar Marco Antonio Eberlim e Márcio Della Volpe como os últimos exemplares de dirigentes da bola enquanto que Claudio Corrente afaga o inconsciente coletivo do Guarani. Mas todos estes citados estão excluídos. E na atualidade, quem você bota fé? O dia que tal pergunta for respondida com segurança será dado o primeiro passo para deixar o futebol campineiro na trilha da modernidade.

(análise feita por Elias Aredes Junior)