Se existe algo prazeroso no meu trabalho com o Só Dérbi é acompanhar as discussões geradas no grupo de Whatsapp. Dali saem pautas e abordagens interessantes. Torcedores que pensam, refletem, são críticos e não suportam o atual momento da Ponte Preta. Divergem das minhas opiniões mas em altíssimo nível.
Eis que no inicio da tarde surge um debate sobre política nacional. As pessoas em discussão sobre o novo prefeito, o atual governo federal, o governo estadual. Deixei rolar. Achei pertinente e argumentos muito bons colocados por gente adepta tanto da direita como da esquerda. Debate que faz a gente acreditar que podemos construir um Brasil melhor e que a Ponte Preta tenha um renascimento.
Lógico, evidente que alguns torceram o nariz. Que se deve misturar política e futebol. Que tudo deve ficar em caixas separadas.
Não concordo. O futebol é um fenômeno social e cultural interligado ao nosso país e que interfere no nosso cotidiano. E é capaz de tal poder de mobiliza que muda cidades e até países. Dou apenas dois exemplos: se não fosse presidente do Atlético Mineiro e conquistasse tantos títulos, Alexandre Kalil teria sido eleito e reeleito prefeito de Belo Horizonte e com alto índice de popularidade?
O que dizer então de Maurício Macri, ex-presidente da Argentina, foi comandante do Boca Juniors de 1995 a 2007 e foi campeão da Libertadores por três vezes, o que lhe abriu as portas para ser prefeito de Buenos e mandatário máximo do pais.
Como ignorar a contribuição do movimento da Democracia Corinthiana para a reabertura democrática do nosso país?
Quando o Bahia faz inserções nas redes sociais contra machismo, homofobia e outros males sociais, não é apenas um recado de 280 caracteres no twitter. É, antes de tudo, uma ação política da instituição para produzir mudanças na sociedade.
Temos exemplos ruins? Com certeza. Todos sabem. Mas prefiro ir pelo lado positivo. O futebol pode e deve ser um catalisador social capaz de transformar a sua comunidade.
Qual a lição que fica? Que a Ponte Preta e o pontepretano não pode repudiar a política. Deve sim, preparar-se de modo meticuloso para que com isso o clube não modifique apenas os seus resultados no gramado e sim que seja influente em sua própria cidade, estado e país. Não custa sonhar.
(Elias Aredes Junior)