Com 34 anos de idade, eu vivi muitos dérbis. Desde quando a Ponte vivia uma situação complicada, mas utilizava a raça para se superar e enfrentar o rival dentro de campo. Ela superava as adversidades do jeito que a torcida gostava. Era difícil ganhar da Ponte em dérbis, mesmo com tantas adversidades dentro e fora de campo.
Um dos dérbis inesquecíveis foi em 2002. Depois de um longo tabu, o dérbi foi marcado para uma segunda feira de 2002, dia 28 de outubro, um dia depois da eleição presidencial. Eu, tão doente pela Ponte Preta, tinha um trabalho que não podia faltar na faculdade que frequentava. Eram palestras dos alunos sobre Macroeconomia. Não tinha outro jeito: tinha que ir na aula senão levaria pau. Não podia me dar ao luxo.
Nos dias de jogos da Ponte à noite, ia sempre levava meu radinho de pilha. Nessa noite tão especial, não foi diferente. Porém, foi mais sofrido que o normal por estar ‘só’ ouvindo . Lembro exatamente da hora que a Ponte virou o jogo. Eu comecei a chorar, compulsivamente por dentro porque não podia demonstrar. Sai da aula pulando de alegria. Foi um resultado que lavou a alma. Acabou o tabu. E a tal da valsa serviu pra mudar o rumo dos 2 times (Obrigada Beto Zini!).
Depois disso fui em todos os dérbis no Majestoso e no Brinco de Ouro. Muitos empates, muitos jogos faltosos. Mas o jogo que eu mais amei foi a vitoria no dérbi em 2011, válido pelo segundo turno da Série B daquele ano e realizado no estádio deles.
Como dérbi é dérbi, mesmo o time da Ponte sendo melhor, dá o frio na barriga da expectativa. Eram noites mal dormidas, mesmo sabendo que o time estava fechado na vitória e que era superior tecnicamente, que a torcida esgotou os ingressos etc e tal… Mas sabe como é: o jogo só começa quando a bola rola…
Quando a Ponte entrou em campo, imponente com meu uniforme preferido, o que se viu foi um baile em campo. Foram dois golaços de Renato Cajá e um do Ricardo Jesus. Se o time honrou a camisa em campo, a torcida deu show. Foi sensacional. Sai em êxtase e ainda me lembro do chute do segundo gol do Cajá que veio em câmera lenta na nossa direção.
O sentimento de dérbi ainda vive dentro de quem viveu. E não existe sentimento melhor que ganhar do rival.
Penso que Campinas soube honrar esse clássico tão importante. Mas também acho que esse profissionalismo de hoje daria uma cara que eu não queria ver num jogo que mexe tanto com os nervos. Eu vivi os dérbis. Sou grata por ter sentido essa emoção.
(artigo escrito por Andréa Belletti especialmente para o Site Só Dérbi)