Oswaldo Alvarez tem uma qualidade. Sabe como poucos detectar as aflições do jogador de futebol. Acertou de novo. O Guarani tenso e intranquilo deu lugar a uma equipe alegre, destemida, corajosa e capaz de vencer o vice-lider da Série A-2 do Paulistão em sua casa. Depois do jogo, em tom diplomático, direcionou a vitória aos jogadores. O mérito era deles. Nem tanto. De maneira sorrateira e discreta mudanças táticas foram efetuadas e deram uma segurança jamais vista no grupo nos últimos tempos.
A primeira peça mexida foi Uederson. Tanto com Ney da Mata como com Maurício Barbieri o jogador tinha uma função ofensiva, de armação e também de marcação, mas por vezes para cercar o adversário na saída de bola. Contra o Água Santa, a nova tarefa: foi perfilado como terceiro volante, no lado esquerdo pronto para proteger tanto o lateral-esquerdo Gilton como também o zagueiro Diego Jussani, os culpados de muitas derrotas e empates do Alviverde. A estratégia deu certo porque o time treinado por Jorginho tentou de tudo por aquele setor e o lateral-direito Paulo Henrique e o armador Diogo Campos não conseguiram construir quase nada.
Em contrapartida, Lenon continuou com futebol ofensivo, mas sem a volúpia de antes. Tomava a iniciativa em situações específicas e com isso abriu espaço ao talento de Bruno Nazário, tanto no lado direito como também no esquerdo, pois Gilton ficou muito mais preocupado em marcar do que ser propositivo com a bola.
Defeitos também existem e o técnico já mostrou conhece-los. O principal entrave é a queda de rendimento físico da equipe no segundo tempo, o que prejudica a recomposição quando acontece a perda da posse de bola.
Tanto que em determinadas passagens do segundo tempo, os zagueiros do Água Santa, Leandro Silva e Luizão tentaram utilizar a ligação direta para que a bola caísse nos pés dos atletas do setor ofensivo. Sem muitas opções, Vadão preferiu colocar jogadores velocistas para segurar a bola no ataque e também para ajudar na marcação, caso de Lorran, Braian Samúdio e Renato. Teve êxito, mas não dá para garantir que a todo mundo a estratégia será agraciada pelo destino.
Sim, a vitória deu combustível ao Guarani e Vadão demonstrou encontrar-se antenado com as demandas de um elenco limitado em vários setores. Mas o trabalho apenas começou. A nova comissão técnica sabe disso. Ainda bem.
(análise feita por Elias Aredes Junior)