Existem dois modelos de treinadores no futebol brasileiro. Um escala os melhores e formata um esquema tático adaptado ás condições de cada um. No segundo grupo estão aqueles com uma definição clara de jogo e que de preferência desejam contar com atletas que possam viabilizar os seus pensamentos. Tais vertentes merecem respeito, compreensão e entendimento. No Guarani, existe um representante do segundo grupo, Oswaldo Alvarez. Que estreou com o pé direito na Série B ao vencer o Brasil de Pelotas. A conquista dos três pontos lhe traz alívio, mas está longe de lhe proporcionar satisfação. Não por culpa da qualidade dos jogadores e sim por suas características, que ainda não se encaixam no modelo de jogo pretendido.
Uso tal raciocínio para exemplificar a dupla de volantes. Torcedores e cronistas esportivos exaltaram as exibições de Auremir e Evandro contra o Brasil de Pelotas. Podem ter resolvido no curto e médio prazo, mas aposto que não seja a característica desejada pelo treinador.
Quando teve a chance de montar o time do estágio zero, as escolhas de Vadão foram bem diferentes. Em 2009, o desembarque da comissão técnica aconteceu logo após o rebaixamento no Campeonato Paulista e em boa parte da Série B, a escolha para primeiro volante foi sobre Cléber Goiano, dono de bom poder de marcação mas com passe apurado e tinha como companheiro Glauber, atleta com força e velocidade para chegar no ataque. A partir do segundo turno, Léo Mineiro chegou para substituir Luciano Santos na trinca de volantes e proporcionar criatividade e sustentáculo necessários ao armador plantão, fosse Caíque ou Walter Minhoca. Deu certo.
O êxito surgiu em 2012, mas com jogadores diferentes. O passe inicial ficava a cargo de Wellington Monteiro, dono de técnica no passe e boa pegada enquanto que seu parceiro era Fábio Bahia, esperto o suficiente para carregar a bola na direção do setor ofensivo. Diante deste retrospecto, ouso dizer que a escalação de Richarlyson será requisito primário na construção de um meio-campo com a cara e o jeito de Vadão. Com o ex-volante do São Paulo, o Guarani ganhará velocidade e dinamismo na transição, algo executado por Glauber em 2009 e Fábio Bahia em 2012. Evandro, apesar de dedicado e esforçado, é um carregador de piano, insuficiente para superar os desafios da Série B.
A perda de Ricardo Bueno para o Santa Cruz deve ter acarretado em decepção para a comissão técnica, em virtude de sua tendência em voltar para ajudar na marcação e na armação, algo presente em Ricardo Xavier na Série B de 2009. O jeito será se reinventar.
A escassez de recursos limita o raio de ação do Guarani. No entanto, com criatividade, agilidade nas contratações e sintonia com os desejos do treinador não está fora de hipótese a construção de uma campanha digna, longe da ameaça de rebaixamento.
(análise feita por Elias Aredes Junior- foto Guarani press)