Na Série A-2 do Campeonato Paulista deste ano, por diversas oportunidades o técnico Ney da Matta retirava Fumagalli do gramado e recebia a reprovação explicita e aberta do atleta. Foi um dos fatores determinantes para a demissão do treinador. Além do trabalho ser ruim, o campeão da Série C não tinha o comando do grupo.
Estamos no segundo semestre de 2017 e o jogo é contra o Londrina. Como faz em todos os jogos, Vadão retira Fumagalli e coloca Luis Fernando. Um procedimento previamente combinado como já declarou por diversas vezes o próprio treinador. Sem contar a preservação do atleta em boa parte dos jogos em que o Guarani atua na condição de visitante.
Na transmissão do Premiere F.C, o repórter Gustavo Biano, descreveu de modo pormenorizado as reações de Fumagalli após a alteração. Não cumprimentou Vadão, atirou um copo d´água no chão e ficou de cara amarrada. Vadão, esperto e calejado por já ter lidado com outras estrelas com acesso de protagonismo, preferiu ficar na dele, distante, sem se envolver com o episódio.
Não tenho medo em afirmar que treinador de futebol, durante a semana de treinamentos, deve ser aberto a discutir e debater com jogadores e dirigentes. Trocar ideias para chegar ao melhor resultado. Dentro do campo é outra história. É ele quem toma as decisões. E sobre si são colocadas as responsabilidades pela vitória ou fracasso.
Diante do Londrina, não foi diferente. Vadão patrocinou a entrada do volante Denner e o resultado foi desastroso. Não deu certo. Só que isso não quer dizer que esteja autorizado o desrespeito, a quebra de hierarquia, o desafio a autoridade de quem é pago para escalar, definir esquema tático e designar as mudanças.
Fumagalli merece homenagens por encontrar-se perto de completar 250 jogos com a camisa do Guarani. Tem participação em campanhas importantes, como o vice-campeonato paulista de 2012 e o acesso na Série C. Um ídolo de tempos de vacas magras. Merece homenagens.
Mas isto não lhe dá autoridade e respaldo para desacatar um profissional que está acima dele. Pior: não é um zé ninguém. Vadão completará 200 jogos contra o Luverdense e também tem inúmeros feitos para serem enumerados pelo Guarani. O técnico que tirou o time do rebaixamento em 1997, acesso em 2009, vice-campeonato paulista de 2012…Escolha de sua preferência. Um camarada que pediu demissão em sua primeira passagem em 1995 por sentir que não poderia encarar e enfrentar um armador chamado Djalminha, que lhe desafiava e desobedecia constantemente.
Vadão que tem conceitos defensivos, adora um volante, deixa escapar conquistas por ser defensivo em excesso e até por não levantar a voz para reclamar melhoria nas condições de trabalho. Poderia fazer agora no Guarani. Tem motivos de sobra. Mas não faz. Por que? Simples: Vadão sabe que é muito menor do que a instituição e a história do Guarani Futebol Clube. Ou de qualquer clube. Uma lição que poderia ser assimilada por alguns de seus comandados. Caso tenham aprendido a lição que coloquem em prática. Antes que seja tarde.
(análise feita por Elias Aredes Junior)