Zé Duarte, Carlos Alberto Silva e Vadão: Estabilidade, vitórias e capacidade de ressurreição marcados na história do Guarani

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Vadão está próximo de completar 200 jogos. Tem 198 jogos. Ficará atrás apenas de Zé Duarte e Carlos Alberto Silva. Quando dirigir o time contra o Brasil, em Pelotas vai assumir a terceira posição em definitivo. Ao tirar uma características ou outra, os três têm semelhanças: capacidade de detectar a alma do jogador, bom relacionamento com a imprensa, empatia com a torcida. Receita de sucesso no Guarani.

É preciso analisar contudo o simbolismo de cada um. Zé Duarte teve como marca a estabilidade. Dirigiu o clube por cinco temporadas seguidas sob o comando de Leonel Martins Oliveira (1971-1975). Guardadas as devidas proporções, exerceu o papel hoje feito por Cláudio Tencatti no Londrina e de Rogério Zimmermman no Brasil de Pelotas. Sua calma, ponderação e paciência para aguardar pelos resultados frutificou a conquista da Taça de Prata de 1981 e do terceiro lugar no Brasileirão de 1982. O único que soube lidar com maestria com Jorge Mendonça.

Carlos Alberto Silva tem o simbolismo do vencedor. Iniciou sua trajetória sendo campeão brasileiro de 1978 e quarto lugar na Copa Libertadores. Nas outras oportunidades que retornava ao clube, o torcedor logo fazia associação de campanha vencedora ou a convivência de tempos positivos.

Foi assim em 1984 (sexto lugar no Paulistão), 1994 (terceiro lugar no Brasileirão), 1996 (sexto lugar) e especialmente em 1999. Por que? Beto Zini era recém saído e a nova diretoria comandada por José Luís Lourencetti lhe contratou para transmitir ao torcedor a sensação de que tudo daria certo. Na estreia e vitória contra o Internacional, no dia 25 de julho, a resposta não poderia ter sido melhor: 10.687 pagantes.

E  Vadão? Seu simbolismo é mais complexo. Na primeira parte é o treinador que será reconhecido na história com a capacidade única de recolocar o Guarani em evidência mesmo com parcas condições de trabalho.

Em 1997, o rebaixamento parecia fatal. Venceu Grêmio, União São João e Vasco e conseguiu a salvação. Quando voltou em 2009 para a Série B do Brasileiro sabia do atraso de salários e das condições financeiras precárias. Conseguiu o acesso. Três anos depois, Marcelo Mingone assumiu um clube esfacelado e apostou em Vadão e sua comissão técnica. O saldo foi inimaginável: o vice-campeonato paulista e a vitória no principal derbi disputado até no Século 21 por 3 a 1.

Guardadas as devidas proporções, Vadão desembarcou em 2017 em condições parecidas. O clube consumido por disputas políticas, Roberto Graziano distante da direção do clube e fracassos no banco de reservas com Ney da Matta e Maurício Barbieri. Após a estadia na Seleção Feminina, Vadão provou que não perdeu a mão no futebol profissional. Por um triz não disputou o acesso do Paulistão e encontra-se nas primeiras posições da Série B. Feito notável.

Só existe um entrave: sua competência é tamanha que todas as diretorias que lhe contrataram aproveitaram a oportunidade para colocar debaixo do tapete o debate urgente e necessária da melhoria da infraestrutura do clube. Como a “mão mágica” de Vadão dá conta de tudo, o adiamento pode ser defendido e aplicado. O treinador não tem culpa de nada, mas é algo presente.

O fato é que independente de tais características, Vadão subirá ao pódio e ficará ao lado de Zé Duarte e Carlos Alberto Silva. E tem tudo para no futuro ser considerado uma lenda pela torcida bugrina. Nada mais merecido.

(Análise feita por Elias Aredes Junior)