Temor pela temporada de 2019 é a angústia atual do torcedor pontepretano

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Grandes homens mudam a história. Traçam destinos de povos e nações. Erguem legados perenes. Martin Luther King ficou eternizado pela sua luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Dom Helder Câmara foi um ministro de Deus contra a ditadura militar. Herbert de Souza, o Betinho, mobilizou uma nação contra o flagelo da fome.

O futebol não é dissociado da vida. Francisco Horta revolucionou o Fluminense. Márcio Braga virou o Flamengo de cabeça para baixo e formou uma maquina de jogar futebol a partir de 1978. Toda uma geração forjada em casa. Fábio Koff entrou pela porta da frente nos livros do Grêmio, ao faturar dois títulos de Copa Libertadores, um Mundial Interclubes e auxiliar na construção de um novo estádio. Alexandre Kalil, hoje prefeito de Belo Horizonte, é aquele que elevou a autoestima do torcedor atleticano e que foi capaz de conseguir um titulo de Libertadores.

Foram homens que não lamentaram o passado ou deram desculpas no presente. Construiram o futuro. Semearam a esperança em um ambiente de caos.

A Ponte Preta teve esses homens. Sérgio Abdalla tirou a Macaca de um tormento de 10 temporadas na segunda divisão paulista e conquistou o titulo da divisão especial em 1969. Ao seu lado, Peri Chaib, que com mão de ferro e sabedoria forjou times e mais times de futebol.

O que dizer então de Moisés Lucarelli, que jamais foi presidente e foi capaz de articular a construção de um estádio sem auxilio de mecenas ou milionários? Só com a ajuda do povo. O povo sofrido que sustenta a paixão até hoje.

Revisite a história e concluirá que o drama principal da Ponte Preta na atualidade não é se Gilson Kleina permanecerá ou se um time competitivo será viabilizado. O futebol é dinâmico, imprevisível e cada jogador que desembarca é uma roleta da vida sendo instalada.

Tudo isso fica pequeno diante do pavor pelo futuro. Pelo dia de amanhã. O medo de tudo degringolar não porque a torcida abandonou e sim porque homens encastelados em suas vaidades querem reconhecimento pessoal hoje, aqui e agora. A camisa com a faixa no peito vira coadjuvante diante da disputa fraticida pelo poder efêmero e sem sentido.

Como encontrar Sérgio Carnielli? O que diz Vanderlei Pereira? O que pensa José Armando Abdalla? O que fará o Conselho Deliberativo? Ninguém tem rumo. Ninguém diz nada. Não há horizonte. A temporada de 2019 deveria servir como combustível de esperança e transformou-se em pano de fundo para pânico e pavor. O principal adversário da Ponte Preta não está no gramado e sim nos gabinetes. Uma pena.

(análise feita por Elias Aredes Junior)