Londrina, Figueirense e Belenenses. Dor de cabeça aos montes com terceirização ou cogestão. Vale a pena o Guarani entrar nesta aventura?

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Dia após noite, nas 24 horas do dia, as redes sociais e os veiculos de comunicação são avisados de que a terceirização do departamento de futebol é a única saída para o Guarani. Um discurso reforçado por integrantes do Conselho de Administração.

Ao invés da discussão da transformação do clube em Sociedade Anônima, com obrigações, deveres e gestão profissional, a esperança está no meio do caminho.

Que ninguém venha dizer que gestão profissional não pode ter participação associativa. O Green Bay Packers do Futebol Americano e o Barcelona são exemplos para derrubar qualquer resistência.

Quanto a terceirização, duvidas borbulham pelos meandros da bola. Basta pesquisar. O primeiro caso é do Londrina, desde 2011 sob o comando de Sérgio Malucelli.

O clube estava sob intervenção da Justiça do Trabalho por causa de dívidas trabalhistas e perto até mesmo de encerrar as atividades. Malucelli chegou, investiu e em dezembro do ano passado afirmou estar cansado. “Vou cumprir o meu contrato até o fim, mas estou 99% decidido que não vou renovar. É pelo cansaço mesmo, também pela falta de apoio. Sempre ouvi a conversa de que isso iria melhorar, mas já fomos para todos os lugares com o clube”, disse na época ao Portal Globo Esporte. Ou seja, o Tubarão ficará sem eira e nem beira. Terá que pensar no futuro sem um suporte aparente.

E o Figueirense? Em 2017, o clube firmou uma parceria com um grupo de investidores e cujo contrato parecia atraente à primeira vista. Se a equipe caísse para a Série C, tudo seria cancelado. Uma forma de forçar o investimento. Deu tudo errado. Tanto que em janeiro deste ano precisou emitir um comunicado para desmentir risco de falência. Tem um novo administrador. Mas a desconfiança continua.

Se o futebol nacional dá casos do risco de terceirizar o futebol, a Europa também conta com casos emblemáticos.

Um dos mais conhecidos é do Belenense. Em 1999, o clube português criou a sua SAD (Sociedade Anônima Desportiva). A meta seria gerir o futebol profissional. O caminho foi turbulento em 2012, a SAD teve 51% de suas ações vendidas ao investidor Rui Pedro Soares, responsável pela Codecity. O clube ficou com 10% das ações da SAD.

Os conflitos entre o clube e o investidor geraram ações judiciais e um rompimento que gerou uma situação, no mínimo, bizarra: O Belenenses SAD foi “refundado” em 01 de julho de 2018 e sem estádio própria disputa a primeira divisão em diversas cidades. E o Belenenses Clube? Voltou para a Sexta divisão, tem o estádio do Restelo sob controle e tem média de público de 5 mil pessoas por jogo. Tudo respaldado pela Federação Portuguesa, que entendeu os títulos conquistados anteriores ao surgimento da Sociedade Anônima. Que alias, gerou briga até pela utilização do escudo.

Figueirense, Londrina, Belenenses. Dor de cabeça de sobra quando o assunto é terceirização ou cogestão. Será que vale a pena o Guarani entrar nesta aventura? Fica a reflexão.

(Elias Aredes Junior)