Uma reflexão sobre Alex Maranhão, Ponte Preta, salários atrasados e o interesse público dos clubes de futebol

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Alex Maranhão publicou um vídeo para buscar retratação junto a torcida e a diretoria da Ponte Preta. Bem articulado, com discurso pronto e sem brechas para possíveis contradições, ele afirma que está integrado na luta para deixar a Macaca na primeira divisão em 2020.

Independente de sua declaração a questão do  atraso de salários extrapolou as redes e virou papo de rivalidade. Muitos bugrinos acusam a imprensa campineira de alisar para o lado pontepretano. Ou seja, não abordar com a profundidade e contundência que o tema merece. Algo que é feito quando o envolvido no tema é o Guarani.

O torcedor pontepretano não renega a questão do atraso de salários mas considera que os veículos de comunicação forçam a barra. Apelam ao sensacionalismo.

O ponto central da discussão não é abordado. Infelizmente. Como futebol no Brasil é discutido de modo passional e irracional e muitas vezes nós profissionais de comunicação caímos na armadilha.

Clubes de futebol no Brasil gozam de uma série de privilégios. Basta dizer que o acordo do Profut é algo distante da realidade de qualquer contribuinte comum do Brasil. Sem contar isenções de impostos na esfera estadual e municipal. É dinheiro meu, seu, de todos nós que não é revertido aos cofres públicos e que é utilizado para sustentação da agremiação.

Nada mais justo, que no cumprimento de sua função social, o jornalista queira saber se os clubes aplicam o dinheiro de modo correto. Então, o pagamento de seus obrigações trabalhistas e tributárias vira assunto de interesse público. Não querem ser cobrados? Façam como o Red Bull e virem empresas e automaticamente paguem todos os impostos previstos em lei.

E considero que tanto bugrinos como pontepretanos neste aspecto estão equivocados. Pelo menos este Só Dérbi desde sua fundação jamais baixou a guarda para fiscalização do poder.

E Alex Maranhão, no fundo, nem deveria fazer este vídeo. Quem tem uma visão social e comunitária do futebol deveria agradecê-lo por ele dizer que uma instituição esportiva de interesse público não consegue cumprir com suas obrigações financeiras. Mesmo com as facilidades oferecidas pela legislação.

Os dirigentes pontepretanos tomarão suas providências. De nossa parte, continuaremos atentos para que os clubes campineiros caminhem na direção de uma gestão saudável e sólida.

(Elias Aredes Junior)