Ferreira, confusão com torcedores e a triste constatação: Guarani, um time com perfil de candidato ao rebaixamento na Série B

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Não existe fato pior que fugir da realidade. Não encarar os fatos como eles são. Nesta terça-feira um grupo de torcedores esteve no Brinco de Ouro para conversar com a diretoria do Guarani, os responsáveis pelo futebol profissional e os jogadores. Cobrança. É preciso fugir do rebaixamento. O Alviverde campineiro precisa conquistar 41 pontos nas 29 rodadas restantes. Para a Universidade Federal de Minas Gerais, o risco bugrino de disputar a Série C em 2020 é de 59,6%. Quadro dramático.

Pegue todo este caos e tempere com um zagueiro Ferreira descontrolado, indo para cima dos torcedores em frente do estádio Brinco de Ouro. Por um triz não houve agressão. O Guarani está com cara, jeito e perfil de time rebaixado. Está consumado? Não. Mas parece que o esforço é para transformar o pesadelo em algo real.

Ninguém contesta a capacidade de Roberto Fonseca. Especialista em Série B. Como pedir produtividade em um ambiente conturbado? Trabalhar em um time sem Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal, um presidente desmoralizado e uma oposição desnorteada, sem nomes de peso, incapaz de produzir esperança e plano de gestão concreto.

Que ninguém venha negar. Quem conhece a história do Guarani sabe que os rebaixamentos bugrinos na história, na maioria das vezes, sempre vieram acompanhados de fatores extracampo. Em 2004, a greve de jogadores foi o estopim para o descenso no Campeonato Brasileiro. Dois anos depois, o Alviverde caiu no Paulistão e na Série B por atraso de salários e por condenação na Fifa. Em 2009, um time fraquíssimo no Paulistão e tumulto políticos nos bastidores. A estadia na divisão principal, em 2010, foi acompanhada de cofres vazios. Na Série B-2012 e no Paulistão-2013, as disputas políticas e as vaidades deram o tom de uma comédia mambembe, de atores canastrões e sem rumo.

Quando o time escapou da degola existia um herói de plantão. Em 1997, Beto Zini e Vadão operaram um milagre no Brasileirão. No Paulistão de 2008, um punhado de gols do centroavante Henrique salvou o time do pior. Na Série B de 2011, o falecido técnico Giba, o preparador físico Walter Grassmann fizeram a diferença. Nos últimos dois anos, na Série B o banco de reservas deu conta do recado com Lisca e Umberto Louzer.

Novamente o Guarani não apresenta trabalho estruturado, planejado e com conceitos definidos. Aposta em novo herói. Roberto Fonseca é seu nome. Ao contrário das vezes anteriores, parece que a quantidade de vilões é tamanha que está fora do alcance da força humana da nova Comissão Técnica derrotar e cumprir sua missão. O Guarani produz seu próprio Thanos. E sabota os Vingadores.

Na atualidade, é impossível imaginar final feliz. É duro? Sim. A reversão de expectativas só pode acontecer quando se encara a verdade. Caso contrário, não serão 29 rodadas de recuperação e sim de calvário. Infelizmente.

(análise feita por Elias Aredes Junior)