Os dirigentes de clubes e de federações buscam alternativas para retornar com o futebol. É uma maneira de buscar recursos para sobreviver em uma época de crise. Profunda. No fundo um outro adversário terá que ser ultrapassado: o medo. Que certamente está presente nos jogadores e seus familiares.
Chego a tal conclusão ao verificar os resultados divulgados da pesquisa da XP Investimentos, divulgada nesta quarta-feira, dia 20, e que detectou entre os entrevistados que 68% consideram que o pior ainda está por vir em relação a pandemia.
Outros 55% estão com receio de contaminar alguém próximo, como um amigo, ou alguém de sua família. Em contrapartida, outros 76% consideram que o isolamento social como a estratégia mais adequada para combater o coronavírus. E do total de entrevistados, 57% querem que a estratégia do confinamento permaneça até que o risco de contágio seja pequeno.
Ou seja, existe um temor justificado na população. Alguma dúvida de que isso exista entre os jogadores? Dizer que atletas são saudáveis e que por isso o risco de um quadro delicado é diminuído é uma teoria muito perigosa.
Afinal, já existem inúmeros casos de pessoas saudáveis, em bom estado físico que padeceram em UTI´s e que precisaram ser entubadas. Quem pode assegurar que um atleta de futebol esteja imune ao risco? Mesmo se todos os cuidados forem adotados.
Os clubes paulistas perderam a chance de encabeçar uma campanha para incentivar o isolamento social e com um raciocínio simples: quanto mais tempo ele durar menor será a sua duração. E quanto aos torcedores e nós, formadores de opinião, nossa missão seria pressionar para que os informais fossem assistidos de modo decente pelo estado, assim como os empresários, seja qual for o seu tamanho.
O futebol? É especialmente retrato cultural do Brasil e sinônimo de saúde. E um esporte tão apaixonante não pode servir de cilada para a propagação de um vírus traiçoeiro.
(Elias Aredes Junior-foto de Fernando Moreno-Agif)