Uma hora o assunto deverá ser abordado. Os clubes não poderão fugir. Independentemente daquilo que for decidido em relação a forma da continuidade do campeonato, o rebaixamento precisa ser definido: vai valer ou não? Será anulado? Quem levantou o tema pela primeira vez foi o presidente do Santos, José Carlos Peres. E ele deixou claro sua predileção por 18 clubes em 2021.
Que ninguém se iluda: hoje a tendência é pela anulação do descenso e em 2021 o Paulistão promoverá a queda de quatro equipes. Se o campeonato terminasse hoje, Ponte Preta e Botafogo, integrantes da Série B nacional, estariam na Série A-2. Ou seja, a anulação interessa e muito a ambos.
Sustentar ou não o rebaixamento reflete faz suscitar uma reflexão que flutua entre a ética e o bom senso.
Se verificarmos pelo lado frio do regulamento, anular a queda dos dois últimos colocados na classificação geral é um prêmio para a incompetência. Ou seja, você foi mal em 12 partidas e no final das contas não colhe a consequência. E como ficarão os clubes que lutam especificamente pela manutenção? Não terão razão em se sentirem como otários? Total razão. No caso da Ponte Preta, Gustavo Bueno e o colegiado de futebol vai respirar aliviado. Mas não há como tirar da reta. O trabalho é péssimo. E não será apagado, com ou sem queda.
Só que como desprezar o tempo em que vivemos? A pandemia deixou todo desnorteado, atividades econômicas foram prejudicadas e o futebol não ficou aquém.
No entanto, quero olhar para as equipes que estavam ameaçadas antes da paralisação. Ituano, Oeste e Água Santa estão com 10 pontos e dois pontos a frente da Macaca.
Nessas equipes certamente tivemos descontinuidade de trabalho, perda de atletas por final de contrato, entre outros contratempos. Ou seja, se já estavam fragilizadas quando a bola rolava a todo vapor, agora o quadro ficou pior ainda.
É justo eles serem punidos com o rebaixamento? Eles não foram atingidos por uma conjuntura excepcional.
Concordo que muitos serão beneficiados sem merecer. Só que não dá para fechar os olhos que muitos foram prejudicados e ficaram de mãos atadas, sem reação. Que o bom senso prevaleça.
(Elias Aredes Junior)