Guarani: ninguém sabe do futuro. Mas o presente forjado na integração e cumplicidade é uma boa noticia

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Não sei o que será do Guarani na Série B do Campeonato Brasileiro. Se vai chegar ao topo ou permanecer na zona intermediária. Pode oscilar e daqui a pouco o técnico Felipe Conceição pode promover mudanças. É a roda gigante do futebol. Imprevisível. Enlouquecedora. Oscilante.

Do sistema tático e a maneira ousada e criativa já cansamos de falar. Da campanha espetacular idem. Algo precisa ser dito. Felipe Conceição demonstra uma atenção na questão emocional. Não basta jogar bem. O jogador precisa gostar de encontrar-se ali. De ver aquelas pessoas. E de ser comandado por elas.

Nós, latinos, somos emocionais. Não produzimos de modo satisfatório em um ambiente distante, sem calor humano. Precisamos de certo grau de envolvimento. Ter a segurança de que aquela pessoa que está ao nosso lado quer saber dos nossos problemas, angustias. E que podemos contar com um ombro. Não acredite em ascensões meteóricas profissionais que são construídas sem feridas emocionais ao redor. Ostentar dinheiro, poder e status sem com quem repartir pode satisfazer o ego, mas é frustrante em médio e longo prazo.

Uma declaração chamou minha atenção na entrevista após a vitória contra a Chapecoense. “Tenho o elenco junto comigo, junto com a comissão e junto com o clube, não em mãos, mas junto, a gente anda junto. O trabalho é diário de todos os funcionários, dos atletas, é isso que está dando resultado”, disse.

Pegue o trecho inicial: “Tenho o elenco junto comigo”. De longe, sem conhecer os bastidores e com acesso apenas aos vídeos, o que se sente é que a obsessão é por uma convivência harmoniosa. Que um se importe com o outro. Que quando tudo acabar fique a recordação não somente do bom resultado, mas de um laço de convivência que permaneça na mente de cada um.

Reafirmo: não dá para saber o destino do Guarani. Só dá para assegurar que a ciência é indispensável. Contar com jogadores bem formados na parte técnica, tática e intelectual ajuda muito. Mas sem uma mistura de educação, gentileza, empatia e conexão não há como pensar em fazer diferença em nenhuma área de atividade. O que dirá do futebol. Felipe Conceição e os jogadores do Guarani sabem disso. Esperamos que os frutos aconteçam. Para o bem da instituição.

(Elias Aredes Junior com foto de Thomaz Marostegan/Guarani FC.)