Torcedores do Guarani invadiram a rede social de Lucas Crispim para protestar em relação a sua postagem com o calção do Santos. A chiadeira foi geral e o jogador retirou a postagem do ar.
A atitude do jogador abre espaço para uma discussão interessante. Lucas Crispim teve passagem boa com a camisa do Guarani. Foi protagonista na ressurreição da equipe na Série B. Fez gols importantes. Virou capitão. E alguns poderiam dizer que ele foi vitima de ingratidão. É algo maior. A relação do Guarani com a sua própria história e seus ídolos é algo indecifrável. Das duas partes.
Alguns jogadores e ex-jogadores nutrem uma relação carinhosa. Exemplo: Amoroso, Edu Lima, Renato Morungaba e Neto são reverenciados pela torcida do Guarani. E os ex-atletas também não esquecem da agremiação. São constantemente celebrados.
Outros nutrem uma relação, no mínimo, estranha. Foram ídolos e ao ouvi-los algum desavisado pode pensar que eles nunca estiveram no Brinco de Ouro. Pegue qualquer entrevista de Luizão e Djalminha e saberá do que falo. Em determinadas conversas, o Guarani sequer é lembrado.
Do lado de alguns (alguns!!!!) torcedores existe um comportamento irregular. Em qualquer clube do planeta, Jorge Mendonça seria celebrado dia e noite por suas façanhas com a camisa 10 do Guarani na década de 1980.
Gênio. Diferenciado. Espetacular. Na opinião deste colunista, o maior jogador que atuou no futebol campineiro. Sei que a instituição fez o que pôde por ele. Deu emprego, retaguarda. Digamos que a torcida começou a pagar uma parte do débito com a (justa!) homenagem do bandeirão colocado no Brinco de Ouro. Mas merecia mais. Muito mais.
No fundo, no fundo, Lucas Crispim é vitima deste processo. Apesar de que ele, por ser jogador profissional, deveria ter cautela. Especialmente porque nunca se sabe o comportamento do torcedor. Mas ele também paga o preço por atuar em um clube que ainda não definiu uma relação linear e correta com seus ídolos.
(Elias Aredes Junior)