O grande derrotado do Dérbi 208 é o jogo com torcida única. Como trazer a paz de volta aos estádios?

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Mais de 16 mil torcedores estiveram presentes no dérbi 208. O final foi torturante para os torcedores pontepretanos. Relatos recebidos por este jornalista dão conta de que a saída foi afunilada e um corredor foi instalada no portão principal. Sem explicação, policiais militares desferiram ações que se constituem o contrário da missão do trabalho da segurança pública. Proteger o cidadão é a tarefa básica. Ninguém estava protegido. Minutos depois, o estádio Brinco de Ouro da Princesa foi palco de ações inadequadas contra aqueles que só queriam comemorar a vitória. Gás de pimenta para todo lado, veículos danificados e momentos de tensão. Um horror.

Talvez os policiais que atuaram nesta partida não saibam, mas eles produziram a maior derrota ao conceito de Torcida única, desde que ela foi institucionalizada, em 2016.

Vamos pensar. Qual foi o argumento utilizado para o fim do espaço aos visitantes? A de que as famílias poderiam frequentar os estádios com tranquilidade e que as torcidas organizadas adversárias seriam fiscalizadas, mesmo que estivessem em um raio de ação maior do local da partida.

Em fevereiro de 2015, em texto enviado a imprensa pelo Ministério Público, a explicação para a adoção da medida em um clássico Corinthians x Palmeiras era a seguinte: “(…) Para os Promotores, a realização do jogo com torcida única é medida necessária e excepcional para a prevenção da violência e para garantir a segurança dos torcedores, diante dos reiterados atos de violência que vêm ocorrendo em dias de jogo de futebol nos estádios e no entorno das praças esportivas da capital (…)”, disse o texto. Na época, era um teste. Virou algo definitivo.

Após os acontecimentos do Dérbi 208, qual a segurança que algum torcedor terá em comparecer a qualquer clássico em Campinas, seja no estádio Moisés Lucarelli ou no Brinco de Ouro? Como acreditar que um pai de família poderá levar seus filhos pequenos ao estádio de futebol? Infelizmente, as forças de segurança responderam a estas questões da pior maneira.

Qual a saída? Jogar com portões fechados? Reduzir a capacidade do estádio? Só considero que essas perguntas só podem ser respondidas se a Polícia Militar, o Ministério Público e até o próprio Governo Estadual façam sua autocrítica e colaborem também para diminuir o clima tenso reinante nos estádios paulistas. Não custa sonhar.

(Elias Aredes Junior-Marcos Ribolli-Pontepress)