Análise: a final do Troféu do Interior é um mal à Ponte Ponte; veja os motivos

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A Ponte Preta, aos trancos e barrancos, alcançou à final do Troféu do Interior e vai decidir o título contra o Mirassol, em dois jogos, a partir desta semana. Isso significa que há festa no Moisés Lucarelli? Não, pelo contrário. E nem poderia.

Embora o campeão embolse R$ 360 mil, mais da metade da folha salarial do Departamento de Futebol Profissional da Macaca, avaliada em cerca de R$ 500 mil, alcançar tal proeza é maléfico ao time de Campinas. É claro que a grana é importante para quitar despesas, mas desde 17 de janeiro, quando a temporada começou de forma oficial, Eduardo Baptista e João Brigatti não tiveram tempo para trabalhar o elenco, treinar jogadas ensaiadas, recuperar os jogadores fisicamente e todos outros aspectos inerentes à prática do futebol. Em pouco mais de dois meses, são 19 partidas oficiais, isto é, uma a cada três dias.

Se a Alvinegra tivesse sido eliminada, teria mais de duas semanas livres para que o técnico Doriva, recém-contratado, conhecesse os atletas durantes os treinamentos, suas características, pontos negativos e detectasse as carências do plantel para pinçar no mercado possíveis reforços. Agora, com dois compromissos diante do Leão da Alta Araraquarense, isso não será possível. O tempo disponível será de apenas oito dias, até enfrentar o Náutico, pela Copa do Brasil, em Campinas.

A Série B do Campeonato Brasileiro, prevista para começar em 13 de abril, já bate na porta. Além de pagar R$ 6 milhões de cotas televisivas, exige planejamento, investimentos pontuais, grupo equilibrado e sequência de trabalho. Hoje, nada disso existe na Ponte Preta. A diretoria ainda engatinha na formulação do plantel e as contratações para a temporada não surtiram efeito por falta de qualidade ou de oportunidades – leia-se Silvinho, Ronaldo, Daniel, Marciel, Gabriel Vasconcelos e Wesley Matos, já negociado com o Vila Nova.

Os jogadores? Limitadíssimos. Se a defesa dificilmente compromete, a criação e o ataque fracassam. Ivan, Emerson, Renan Fonseca, Luan Peres e Felippe Cardoso são os únicos que passam imune às críticas – levianas ou não. Nathan e Lucas Mineiro, por outro lado, estão em fase de adaptação e não podem ser avaliados sob os mesmos critérios. A lista dos que decepcionam? Inúmeros.

A tendência é que, com o material humano disponível e falta de tempo hábil, Doriva sofra para colocar a equipe nos trilhos e, acima de tudo, com melhores apresentações. Responsabilidade de acesso na Segundona? Não existe. A realidade deste plantel é brigar contra a Série C, por mais que isso machuque. Os jovens de hoje podem sim, no futuro, tornarem-se bons frutos – esportiva e economicamente falando -, mas não são as melhores alternativas para o momento.

O torcedor, por sua vez, de mãos atadas, sofre. Com a paixão de lado, ele tem plena consciência de que a diretoria não pode cair na ilusão de 2017: acreditar que o elenco, por ter alcançado a final do Paulista, era bom suficientemente para disputar 38 rodadas da Série A em alto nível e brigando por uma campanha digna e sem sustos.

O resultado do ano passado todos sabem, mas a esperança é que o erro não se repita. Em outras palavras, novo rebaixamento como fruto da incompetência administrativa.

(análise: Lucas Rossafa/foto: Angel Marchi – Ponte Press)