Análise: a Ponte Preta precisa receber de volta o direito de jogar bem. E aproveitar os seus frutos

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Estava preparado para comentar sobre a atuação da Ponte Preta no jogo contra o Sol de América, em confronto válido pela Copa Sul-Americana. Analisaria a evolução em alguns quesitos do modelo de jogo do técnico Gilson Kleina, como a colocação de Elton quase como um armador como peça de chegada ou a escalação de Jadson focado para marcar e entregar a bola em passe curto e sua disposição em disparar pelos lados do campo e surgir como elemento surpresa.

Fiquei preparado para alertar sobre as falhas defensivas e que possibilitaram a aparição do goleiro Aranha de modo mais constante e diante de uma equipe limitada.

Minha intenção foi por água abaixo ao verificar parte de reação da torcida pontepretana após o triunfo. Uma mistura de amargura e desconfiança e temperada com o seguinte aviso: esperar até o jogo contra o Fluminense para tecer um diagnóstico final.

O cronista esportivo tem o dever de apontar as falhas, ser rígido nas suas avaliações e cobrar melhorias. O torcedor, por sua vez, tem um papel simples e complexo. Simples porque a festa está inserida a cada vitória. Enaltecer seus ídolos é algo normal e natural. Desde que a dose de consciência mantenha o espírito festivo das arquibancadas.

O que acho interessante é que os erros de gestão cometidos pela diretoria abalaram tanto o espírito de parte das arquibancadas, que a cada três pontos conquistados não existe uma única centelha de boa vontade. Desconfianças são atiradas, dirigentes são colocados sob suspeita, alguns atletas são recebidos com frieza e de certa maneira surge uma cegueira sobre a evolução, mesmo que mínima, é registrada.

Ninguém pedirá a instituição do espírito de poliana. Nada disso. Nem ser entregue a qualquer rompante de manipulação ou de jornalismo chapa branca.

O vital é saber separar fatos e comportamentos. Criticas ferrenhas a diretoria devem ser dirigidas sim. Contestação aos métodos de contratação? Com certeza. Resistência aos 20 anos de reinado de Sérgio Carnielli? Não há como reclamar tal comportamento. Pelo contrário: a cobrança e a crítica aos detentores do poder que provocam o crescimento de uma instituição e que cedo ou tarde vai reverter-se ao gramado.

O futebol, no entanto, deve ser utilizado como foco de alegria. Comemorar um gol de Sheik, um lançamento de Renato Cajá ou uma defesa de Aranha são importantes para o estabelecimento de um vinculo duradouro. Os homens passam, a instituição fica, mas são os ídolos que perpetuam o amor eterno do torcedor.

Independente dos erros e equívocos de Gilson Kleina e dos dirigentes, o torcedor pontepretano precisa conceder o direito da Ponte Preta jogar bem e de degustar os seus frutos. Para o bem de todos.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

2 Comentários

  1. Mandou bem, Elias. A Ponte é maior que todos nós, torcedores, jogadores, dirigentes, cronistas, etc e merece ser melhor tratada por todos.

  2. A verdade é que a AAPP se comporta como time pequeno, amedronta-se diante dos grandes brasileiros e se apequena em momentos decisivos. É algo que está profundamente arraigado na sua cultura, está no DNA da agremiação. É difícil superar algo tão intrínseco. Por isso, considero que a aposta em Sheik, jogador campeão por onde passou, não deixa de ser boa. Foi uma bola dentro da diretoria da AAPP.