Análise Especial: Guarani, nova iluminação e o sufoco involuntário aplicado nas vozes dissonantes

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Aprecio e gosto do trabalho do jornalista Luis Nassif. Especializado em economia e política, ele tem um atributo necessário: foge do efeito de manada.

Ele se recusa a embarcar em ondas de otimismo ou clima que tentem cercear a opinião contrário. Não há uma opinião tácita ou determinação judicial. Mas as palavras ficam ao vento. Tipo: “Se você tentar quebrar a unanimidade será condenado”.

Ele paga o preço. Acredito que vale a pena. O excesso de elogios, a bajulação excessiva, a euforia desmedida fazem mal a qualquer grupo social. Qualquer um. Vender um mundo cor de rosa, uma direção sem contestação é algo que joga contra a busca do aprimoramento, da perfeição. Sim, porque queiramos ou não, é o conflito, é a discussão, é a voz contrária que move o debate e o surgimento de ideias e conceitos.

O Guarani perigosamente caminha por essa trilha. O time está bem na Série B, o trabalho de Umberto Louzer é elogiado, a inauguração da iluminação do estádio Brinco de Ouro…Uma onda avassaladora de intimidação surge em grupos de zap, redes sociais e arquibancadas. É proibido criticar. É vetado qualquer apontamento de ausência de rumo. É mais do que censura. É gente exercendo o espirito totalitário presente dentro de si.

O empate sem gols contra o Ceará não apagou a fogueira do otimismo. Pelo contrário. A euforia é tamanha que nas últimas horas pouco se falou das dificuldades impostas por Guto Ferreira, o domínio do Ceará em uma parte do jogo. Nada disso. Só se pode elogiar. Ovacionar. Por que? Ora, porque foi inaugurada a nova iluminação!

Evidente, não seria louco de fazer reparos a este avanço do Guarani. Claro que não. Uma melhoria evidente em relação ao que era antes. Palmas para o Conselho de Administração, o CEO e o Conselho Deliberativo e as pessoas envolvidas na obra. Ponto. No entanto, se verificarmos o que já é feito em outras arenas veremos que apenas se nivelou ao que existe por aí. É isso. Você pode não gostar, mas é a verdade. Nua e crua.

Esse é o problema. Mesmo que seja uma minoria, elas não podem falar. Qualquer pessoa com mínimo conhecimento da vida política bugrina sabe que pessoas com bom preparo político sairam do clube e empobreceram o debate. E automaticamente os processos eleitorais. 

Não serei louco de recusar a existência de bons quadros na administração do Guarani, como Fábio Araújo e a mesa diretora do Conselho Deliberativo. Mas eles acertam em 100% das vezes? São detentores de todas as verdades? Será que nunca, jamais erram? Pois é. Reafirmo: sei que são pessoas bem intencionadas. Fato. Mas isso não exclui a necessidade de debater e refletir sobre acertos, erros e equívocos. Qualquer grupo com presença de processo político tem que ficar atento a esse detalhe.

Para crescer e chegar ao patamar que merece, o Guarani não precisa apenas de comissão técnica competente, bons jogadores e campanha retumbante. A necessidade primária é por plena circulação de ideias, participação e liberdade para apontar erros e acertos. Quando tudo está pela metade é meio caminho andado para a regressão.

(Elias Aredes Junior com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)