Análise: Guarani e Ponte Preta não são gigantes, médios ou pequenos. São nanicos. Que não querem crescer

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Ok, eu entendo sua revolta ao ler o título desta análise. É doído olhar para o espelho e encarar a realidade. Ver os nossos defeitos, falhas e derrotas. Vitórias fugazes, gols inesquecíveis escondem, por vezes, o que os números financeiros expõem de modo dramático e que foi apenas destrinchado pela Pluri Consultoria. O futebol campineiro não é grande, médio ou pequeno. É nanico. Ou é normal Guarani e Ponte Preta em dez anos arrecadarem juntos R$ 486 milhões e só Goiás ter faturado R$ 505 milhões? E o Atlético-PR com R$ 827 milhões no mesmo período? Então, respire fundo, guarde sua raiva e pense conosco.

Ponte Preta e Guarani não querem crescer quando torcedores e dirigentes aceitam de bom grado o jornalismo focado no entretenimento. A recusa em analisar, de modo profundo e isento, os problemas e as mazelas de duas agremiações que já ditaram regras e tendências no futebol nacional. Festa infinita e análise somente no hoje. Isso traz dividendos? Duvido.

O que faz um clube crescer não são apenas vitórias no gramado. Isto tanto pode ser o fechamento de uma estrutura azeitada como um disfarce ou felicidade construída pelo acaso.

Se tal teoria não for verdade, o que aconteceu com o Guarani após o vice-campeonato paulista de 2012? Qual crescimento pode ser verificado na Ponte Preta após a medalha de prata na Sul-Americana de 2013 ou o Paulistão de 2017?

Vitórias fugazes, frutos da competência de homens sim, mas nunca da estrutura azeitada e construída por anos e anos. Dois times não querem crescer quando não há debate ou discussão. Ou quando dirigentes defendem a validade da inexistência da oposição.

O argumento? Que não é possível vencer sem a existência de oposição, da troca de ideias, do debate saudável. Ponte Preta e Guarani são clubes na atualidade cuja democracia respira por aparelhos. Qualquer ideia divergente é sufocada. Tudo em nome de uma felicidade pueril, sem nexo.

Bugrinos e pontepretanos se recusam a crescer quando ignoram o seu próprio potencial. Falamos de uma cidade com 1,2 milhão e uma Região Metropolitana com 3,3 milhões de habitantes. Um local com alta concentração de renda e parque industrial robusto.

Como ignorar ? Pois ignoram. E vivem de métodos arcaicos, antigos, sem qualquer sustentação financeira. Ficam muito, muito atrás de clubes médios que antigamente sequer ouvíamos falar. Antes de 1983, qual era o papel de Atlético-PR no futebol nacional? E agora?

Pois Ponte Preta e Guarani comportam-se como dois senhores que foram jovens, vigorosos e cheios de energia. A idade chegou, não ocorreu cuidado com a saúde e, ao se olharem-se no espelho, a realidade dilacerou a imagem forjada na mente.

O futebol não pede pessoas maduras no gramado. Requisita em todos os campos. Precisamos crescer em Campinas. Antes que seja tarde demais.

(análise feita por Elias Aredes Junior- atualizado as 18h12)