Análise: Ivan, Ponte Preta e a pureza do futebol

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Ivan recebeu uma proposta do futebol português. Famalicão. Primeira divisão. Recusou e ficou emocionado porque quer fazer história. A torcida ficou eufórica e devota ao arqueiro. Todos celebraram uma atitude que vai na contramão de um futebol calcado no dinheiro e na fama. E no distanciamento de quem sofre nas arquibancadas.

Fico espantado. Porque estamos assustados e admirados com uma postura rotineira em outros tempos. A própria história da Ponte Preta é uma comprovação. O lateral-direito Bruninho defendeu a Macaca por 570 jogos e ficou na agremiação por 17 anos. Dicá entrou em campo por 581 partidas. Em contrapartida, Cilinho sentou no banco de reservas por 345 vezes. Uma presença que gerou até um grupo batizado como “cilinistas”.

Você pode alegar que são outros tempos. Verdade. Ivan só relembra que algumas características são imutáveis. Formado nas categorias de base, com destaque desde 2017 e agora na Seleção Brasileira, o arqueiro é a típica pessoa com relação pura com o futebol.

Sabe que é seu ganha pão, mas reconhece que sem ele não seria nada. E que a Ponte Preta foi a estrada que pavimentou o seu sucesso.

Com o passar dos anos vai amadurecer e adquirir uma outra visão sobre o esporte e a carreira profissional. Mas o episódio em torno da oferta demonstra que, bem ou mal, Ivan ainda é o garoto que chegou adolescente ao Majestoso e que queria apenas ganhar o seu salário por intermédio de sua paixão.

O futebol respira. Ainda bem.

(Elias Aredes Junior)