Análise: João Brigatti é a única solução para a Ponte Preta?

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Impossível ignorar a necessidade de reformulação total na Ponte Preta. Uma nova Comissão Técnica deve ser formada, com foco na montagem de um time competitivo para a Série B do Campeonato Brasileiro, inclusive com aquisições para encorpar o elenco e conceder respaldo aos garotos promovidos das categorias da base. Fica a pergunta: o auxiliar técnico João Brigatti é a solução? É um questionamento que precisa ser respondido sob diversos ângulos.

O primeiro ponto a ser enfocado é que o time melhorou com Brigatti no confronto com a Ferroviária em comparação com as atuações diante de Bragantino e Red Bull. Fato. Suas soluções e decisões foram mais adequadas que aquelas adotadas pelo antecessor Eduardo Baptista.

A escalação de Nathan foi uma grata surpresa. Afinal, se ele treinava em tal nível e encontrava-se à disposição por que o ex-técnico teimou em deixá-lo no banco de reservas ? É o típico erro de avaliação que poderia custar o cargo em qualquer clube.

A escolha de Orinho para atuar quase como um jogador fixado na segunda linha ofensiva e pelo lado esquerda foi outra boa sacada. Com um curto espaço de campo para percorrer, sua presença incomodou o lateral-direito Alisson e proporcionou bons lances ofensivos.

De quebra, os jogadores estavam mais soltos e com posicionamento mais acertado. Veja bem: Brigatti conseguiu isto em dois treinamentos. Prova do seu conhecimento.

Também deveria ser nomeado como efetivo devido a sua experiência em Série B do Campeonato Brasileiro. Junto com Mazola Junior esteve no CRB e no Vila Nova. Acumulou experiência suficiente para saber o perfil salarial e as características adequadas para disputar a competição.

Então ele deve ser nomeado? Não é bem assim. Quando foi contratado o ex-goleiro pontepretano demonstrou capacidade de realizar uma intermediação com torcida em instantes de crise. Quem fará isso em seu lugar? Hoje, a diretoria não preparou ninguém para ocupar esta lacuna, tanto como bombeiro de crises, como na função de auxiliar técnico fixo do clube.

Leandro Zago, pelo trabalho no Sub-20, poderia ocupar a  função de auxiliar técnico, mas a diretoria preferiu exclui-lo e apostar em um profissional – Felipe Moreira – claramente impopular. Mais: técnicos europeus afirmam que treinador ganha para treinar o time e administrar dirigentes, torcida e imprensa.

Neste último quesito, a performance de Brigatti é decepcionante. Uma hora é oração fora de hora; em outras, como no domingo, uma declaração em que na prática e por vias tortas ele pede que cessem as críticas contra Sérgio Carnielli, o líder do grupo político que está na Macaca há 21 anos e que, queiramos ou não, foi o responsável por três rebaixamentos em campeonatos nacionais (2006, 2013 e 2017).

Como deixar de criticar? Ah: sem esquecer que entre uma frase ou outra, ao invés de tentar esclarecer os assuntos inerentes ao jogo, sua decisão foi a de constranger repórteres presentes na entrevista coletiva.

Brigatti tem predicados mais do que suficientes para ocupar o cargo, mas ainda padece de tarimba para lidar com instrumentos e cenários que fazem um técnico vencedor. Tem um perfil de que pode colocar os pés pelas mãos em horas erradas.

Sua opção não deve ser descartada, mas não dá para considerá-lo o salvador da pátria.

(análise feita por Elias Aredes Junior/foto: Fábio Leoni – Ponte Press)