Análise: na Ponte Preta, as derrotas começam nos gabinetes

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A diretoria da Ponte Preta fez apelos para que ocorresse uma união com a torcida e imprensa para que a Alvinegra juntasse forças para vencer os jogos restantes da fase inicial do Campeonato Paulista. A derrota para o Bragantino produziu outro capítulo dramático na luta contra o rebaixamento. Ou seja, unir forças seria o caminho natural para sair do buraco.

Uma viagem pela história recente da Macaca fará com que cheguemos a conclusão de que união é falácia nos corredores do estádio Moisés Lucarelli. Os dirigentes não podem pedir algo que eles mesmos não praticam e nunca praticaram nos últimos 20 anos. As derrotas da Ponte Preta não são produzidas no gramado. Começam nos gabinetes com ar condicionado.

Quando foram eleitos em 1996, tanto Nivaldo Baldo como Sergio Carnielli faziam juras de amor de que aquela união seria duradoura. Durou nove meses e culminou com a renuncia do fisioterapeuta.

Ao tomar conta do poder, Carnielli pediu o auxilio de Marcos Garcia Costa para cuidar do futebol e o desentendimento aconteceu em pouco tempo. Quando chamou Marco Antonio Eberlim para assumir o futebol, o que todos aguardavam era de que a estabilidade daria as cartas no Majestoso.

A teoria teve validade por quase nove anos e a ruptura surgiu durante o Campeonato Brasileiro de 2006, quando o então vice-presidente de futebol colocou-se contra a interferência do então deputado estadual Sebastião Arcanjo (PT), até hoje próximo do presidente de honra. Antes de sua saída, Eberlim ainda colecionou outros desafetos, como o atual integrante do departamento amador, Claudio Henrique Albuquerque, cujo conflito chegou a agressão física de parte a parte e detonou um rompimento que já dura 12 anos.

Enquanto isso, os bastidores ferviam. As desavenças pareciam infinitas. Basta relembrar que o recém falecido Danilo Villagelim Neto entrou em confronto verbal direto com Carnielli durante reunião do Conselho Deliberativo e provou que os donos do poder não queriam ser contrariados.

Que ninguém pense que as brigas eram apenas internas. Em uma de suas passagens, o então técnico Marco Aurélio Moreira entrou em litigio com o grupo Bandeirantes de Comunicação e a desavença ganhou contornos dramáticos.

Na última década, nem preciso forçar a memória para reconstituir a epopeia do ano de 2013, quando Márcio Della Volpe ousou enfrentar Sérgio Carnielli  e autorizou o então técnico Jorginho a colocar força total no jogo da Copa Sul- Americana. Para o atual presidente de honra, a resolução de Della Volpe foi fundamental para viabilizar o rebaixamento na divisão de elite.

O que dizer então da ausência de falta de diálogo e abertura concedida a oposição após tantos anos? Ou seja, é confusão atrás de confusão.

Após essa revisão histórica, pergunto: como a torcida pode acreditar em união se eles próprios não fazem a parte deles? Como evitar que a vaidade e a briga por poder não produza um rebaixamento que fica mais próximo após a derrota para o Bragantino? Duro é a impressão de que esses personagens não querem responder de modo positivo tais indagações. Uma pena.

(análise feita por Elias Aredes Junior)