Análise: Obrigado, João Brigatti! A diretoria da Ponte Preta não te merece

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João Brigatti foi expulso da Ponte Preta. Embora a diretoria não tenha declarado isso publicamente, a substituição repentina no comando técnico deixa tal ideia evidente nas entrelinhas. Afinal, para um bom entendedor, meia palavra basta.

Foi justamente essa a sacada do ex-goleiro. A chegada de Marcelo Chamusca constituiu-se na gota d’água para que arrumasse suas malas e buscasse voos maiores longe do Moisés Lucarelli. Agora no Paysandu, pode construir carreira de destaque no cenário nacional.

Na Macaca, o profissional de 54 anos evitou o pior. Pegou um time desmotivado no fim de maio, com a maldição de não vencer no Majestoso e transformou-o da água para o vinho. Em três meses, conseguiu fazer muito com muito pouco. Em outras palavras, pegou um elenco mais curto do que coice de lebre. Na época, assumiu a equipe na 15ª colocação com sete pontos, um a mais em relação ao CRB, primeiro integrante do Z4.

Com trabalho e motivação, chegou a dormir alguns dias no G4  e, em razão do jejum de três jogos sem vitória, deixou o cargo em nono, cinco a menos do pelotão de frente. Isso significa que, se não fosse o pulso firme de Brigatti para tentar arrumar a casa e amenizar a crise, as chances de acesso, hoje já difíceis, seriam praticamente próximas a zero.

Brigatti merece total respaldo dos torcedores pelos incêndios apagados na Ponte Preta. Obviamente está longe de ser o principal treinador da história, mas conseguiu deixar boa impressão quando foi acionado em meio ao caos.

Por outro lado, há de se lamentar o comportamento antiético e a falta de profissionalismo/gratidão adotado pela diretoria – agradecer o trabalho prestado em nota divulgada pela assessoria de imprensa é muito pouco. O próprio José Armando Abdalla Júnior, presidente do clube, já havia sido o responsável por jogar aos leões Eduardo Baptista e Doriva em março e maio, respectivamente. Convenhamos que não foi nada fácil para Brigatti trabalhar com tantas pessoas incompetentes e insensatas ao seu redor.

Se o ídolo alvinegro tivesse sido um centroavante, teria feito um golaço ao aceitar a proposta do Paysandu e seguir a vida em Belém. E que a vida dinâmica do futebol possa te trazê-lo de volta ao Majestoso, num futuro próximo, mais amadurecido e com uma diretoria bem mais profissional.

(análise: Lucas Rossafa/foto: Ponte Press)