Análise Ponte Preta: toda ajuda financeira é salutar. Mas ninguém será herói porque colocou a mão no bolso

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Tiãozinho tem vários defeitos. Vacila na gestão do futebol da Ponte Preta. Colocou o time em situação delicada na tabela da Série B. Demora para tomar decisões. No entanto, uma qualidade sua deve ser ressaltada: a de utilizar a política em prol da comunidade pontepretana.

Quando me refiro a politica, eu digo aquela que é positiva. Ou seja, a capacidade de aglutinar, conversar, aparar conflitos, buscar consensos.

Nos últimos dias, tal processo foi sentido. Conversou e recebeu Sérgio Carnielli, que apoia a chapa DNA Pontepretano. Ouviu, bateu papo e dialogou com integrantes do MRP. Abriu os ouvidos para líderes de torcidas organizadas e pontepretanos influentes. Conscientizou a todos da fase delicada na Série B e de que era necessário todos remarem todos para um lado só. Fez o correto: pediu a ajuda de todos.

Essa mobilização converteu-se em dinheiro. Apoiadores da atual gestão pagaram o bicho do jogo contra o Goiás. Sérgio Carnielli prometeu um pacote de prêmios em caso de vitória até o final da Série B. O MRP e seus integrantes se colocaram a disposição para ajudar em premiações. Perceba: recursos vieram de todos os lados, de acordo com o potencial financeiro de cada um.

O que o torcedor pontepretano e qualquer integrante não pode fazer é eleger um “herói” da história porque meteu a mão no bolso. Não é. Ninguém é super herói e não há um grupo “Vingadores” ou “Esquadrão Suicida” disponível. O conceito também vale para nós, cronistas esportivos. Afinal, não é porque vão receber um bicho polpudo que Felipe Albuquerque vai virar Odirlei ou que Camilo será o novo Dicá. Dinheiro ajuda. Muito. Mas não faz milagre.

A Macaca é uma associação sem fins lucrativos. Clube de espirito comunitário. Todos ganham ou perdem. A participação é conjunta. De todos: Diretoria Executiva, Conselho Deliberativo, apoiadores…todos, todos. Destinar recursos não é um gesto de heroísmo para socorrer atletas em necessidades materiais e sim o que se espera de quem faz parte de tal estrutura. Quando um não pode, o outro ajuda. Sem querer nada em troca. E sem buscar holofotes.

Todos aqueles que ajudaram de certa forma, também são culpados pelo atual estado de coisas. Ou por ação ou omissão. Se a Ponte Preta vive um quadro financeiro dramático, é porque tudo foi gerado por uma crise política profunda, epidêmica. O dinheiro das fontes citadas é apenas um mertiolate para curar uma ferida profunda. Negligenciada por anos e anos. Então porque promover uma eleição de heróis? Porque devo destacar uma personalidade ou um grupo só porque apenas exerceram sua paixão?

O que a Macaca necessita é, após a tempestade, resgatar o seu sentido de vida. Entender que não é com lampejos de generosidade que vai se consertar um clube há anos atrasado em sua infraestrutura. Ninguém é mais do que ninguém. Todos são algo único: Ponte Preta. Sem distinção de um ou de outro. Quem pensar diferente apenas colabora para o buraco ficar cada vez maior.

(Elias Aredes Junior-foto de Álvaro Junior