Assim como no final do filme “Click”, o Guarani jogou o “controle remoto” que editava e manipulava sua vida. Quer viver como adulto. Ainda bem.

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Existem filmes que marcam gerações. Podemos assistir uma dezena de vezes e as lições sempre aparecem. Outros filmes nos surpreendem mesmo que tenhamos um pé atrás, modelo que encaixa em “Click” estrelado por Adam Sandler e lançado em 2006.

O enredo é pueril. Um engenheiro Michael Newman recebe um controle remoto universal, com poder de controlar sua televisão mas os acontecimentos de sua própria vida.

Newman manipula fatos, “edita” os momentos tristes para a sua própria vida e no final chega a conclusão de que não precisa daquilo e sim, ser adulto suficiente para tomar suas próprias decisões e arcar com as consequências.

O filme retrata o poder de um controle remoto, como poderia ser um pai que não deixa o filho crescer ou o chefe centralizador, que não autoriza o aprimoramento de seus funcionários. Fugir dos fatos difíceis é cômodo. Encarar as derrotas é sinal de maturidade.

Se verificarmos os últimos acontecimentos do Guarani, apesar das criticas a serem feiutas( e são muitas) começa a transparecer uma qualidade: pegou “o controle remoto” e jogou no lixo.

Se Adam Sandler utilizou um apetrecho doméstico para viver de modo mais confortável, também é verdade que o Guarani por anos e anos de sua história viveu de maneira imatura, em que apostava tudo em uma única pessoa para ser o seu “controle remoto”.

Esta personalidade só produziria felicidade e sonegaria da torcida e da instituição os instantes ruins. Um momento foi Beto Zini, em outros foi Leonel Martins de Oliveira, ou Marcelo Mingone, Horley Senna, Palmeron Mendes Filho e José Luís Lourencetti.

Acredito que desejavam o melhor para o clube. Só que ao querer “editar” a vida do Guarani – esquecer os rebaixamentos por exemplo-, o processo de amadurecimento ficou para trás. E isso não se recupera mais.

Estou longe de considerar Ricardo Moisés uma excelência administrativa. Posso mudar de ideia até o final da gestão, mas na atualidade este não é meu dignóstico. De 0 a 10? 4,5. Na escola da bola, não passa de ano.

O Guarani atual transmite uma imagem atual de que quer aprender com erros. Quebra a cara, erra, equivoca-se, coloca a soberba no bolso e busca melhorar, uma postura que ficou nítida na Série B, que não titubeou em trocar Ricardo Catalá por Felipe Conceição.

Com humildade. Parece ter jogado no abismo o “controle remoto” da manipulação, de querer assimilar e viver somente o sucesso. Sem o fracasso, não há como ser melhor. É doído, mas é o melhor para a instituição. É isso que importa.

(Elias Aredes Junior)