Na próxima segunda-feira, a Câmara Municipal de Campinas abrirá espaço para a apresentação do projeto da Arena Ponte Preta. Um projeto que, aliás, não tem apoio da diretoria executiva. A iníciativa é do vereador Gustavo Petta, do PC do B, partido que tem entre seus quadros, o ex-vereador e ex-deputado estadual, Sebastião Arcanjo, o Tiaozinho, apoiador e aliado de Sérgio Carnielli e do projeto.
A medida é boa e oportuna. Especialmente porque ganha-se uma chance de exterminar com o papo furado reinante em relação ao tema. A expressão é forte, mas não há como fugir desta constatação.
O que se viu até agora dos responsáveis pelo projeto, Sérgio Carnielli e Eduardo Lacerda foi um mar de promessas lotadas de superficialidades. E dou exemplos. E que está no site da Arena Ponte Preta.
Ao ser perguntado sobre o valor dos ingressos, os responsáveis pela página dão a seguinte resposta: “Claro. Estamos projetando uma Arena com espaços e ingressos precificados, para receber todos os públicos. Muitos cenários estão projetados e poderão ser adotados. Contudo, entendemos que essa definição deverá ser tomada mais à frente”.
Todos os públicos? Mas qual seria a faixa de valor? Haverá ingressos a R$ 10? R$ 20? Vou mais longe: e o espaço de alimentação terá preços acessíveis? O motivo da pergunta é claro e direto: os pontepretanos que ganham de um a dois salários mínimos terão oportunidade de assistir ao jogo dentro da nova Arena? Ou terá que se contentar em assistir aos jogos em um boteco com a televisão de 14 polegadas e grudada quase no teto?
Não são questões desprezíveis. A base da torcida da Ponte Preta é popular e descartar esse contingente seria absurdo. E porque os responsáveis pelo projeto não esclarecem? Simples: porque infelizmente frequentaram poucas vezes as arquibancadas. Tem dificuldade de sentir empatia por quem não tem recursos. As atitudes falam por si.
Querem uma prova? Ao serem perguntados sobre as fontes de receita da Arena Ponte Preta, a resposta publicada na página foi a seguinte: “Bilheteria, comercialização de camarotes, aluguel para eventos e shows, concessões de alimentos e bebidas, estacionamento, ativações e mídias, naming rights principal e setorial e venda de cadeiras cativas”.
Pergunta direta: você consegue vislumbrar torcedores de baixa renda encaixados neste modelo de negócio? E que não venham utilizar o elitista futebol inglês como parâmetro. Alemanha, Itália e outros países dão exemplos de como viabilizar um bom negócio sem desprezar o torcedor pobre.
Mas a ausência de informações claras e cristalinas não é o único problema. Ao serem perguntadas na página da própria Arena sobre quem seria a construtora a resposta foi a seguinte: “Primeiro, aguardaremos pela definição do Conselho Deliberativo quanto à aprovação do empreendimento. Na sequência, o grupo investidor divulgará os envolvidos na construção. Já dispomos de estudos e análises sobre os melhores parceiros para cada atividade, bem como empresas que se interessaram após divulgação do projeto. Para entrarmos em negociação, é fundamental termos a aprovação do Conselho Deliberativo quanto à construção da Arena”, afirma a página.
Peço perdão pela expressão, mas é outra explicação esfarrapada. O Atlético Mineiro tem uma nova arena no horizonte e desde o minuto inicial sabe se que a MRV é a construtora responsável. As arenas do Corinthians e do Grêmio nunca sonegaram a informação de suas empreiteiras. Mesmo antes de aprovação pelo Conselho. Por que os responsáveis pela Arena não revelam dado precioso? Não quer revelar ao publico? Ok. O que impede então da informação ser fornecida aos integrantes do Conselho Deliberativo?
O fato é que Câmara Municipal presta um serviço a comunidade pontepretana. Falar em modernidade é bom e necessário. Transformar em realidade melhor ainda. Desde que todas as informações sem fornecidas sem enrolação e de modo cristalino. É o que se espera.
(Elias Aredes Junior)