Com o bom trabalho de Lisca, fica a pergunta: até quando o Guarani vai precisar de um Salvador da Pátria?

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Ainda faltam três pontos. Tudo pode dar errado e o Guarani retornar a terceirona nacional. A Série B está equilibrada e cheia de imprevistos. O cenário não impede de o Alviverde retornar a um velho filme, a da necessidade de contar com um “salvador da pátria” para sobreviver.

Em 2009, Oswaldo Alvarez vestiu capa e espada e virou herói involuntário. Contratou jogadores desconhecidos ou relegados no mercado nacional, contou com uma comissão técnica eficiente com Gersinho, Walter Grassmann e o psicólogo João Serapião e obteve o vice-campeonato da segundona nacional com 69 pontos. Hoje, após oito anos, qualquer torcedor bugrino celebra Vadão e esqueceu que João Secco era o diretor de futebol e o presidente era Leonel Martins de Oliveira.

Dois anos depois, o presidente bugrino continuava no cargo e tinha administração desastrosa, com salários atrasados, estrutura deficitária e resultados ruins. O falecido técnico Giba pegou o touro à unha e assegurou a manutenção na Série B. Para muitos torcedores bugrinos, o ex-lateral-direito entrou para a história.

Neste campeonato, o filme não parece diferente. Vadão somou 31 pontos, coletou uma oscilação normal dentro da Série B e os dirigentes optaram por uma demissão desastrada. Escolheram Marcelo Cabo que, apesar dos problemas táticos e técnicos sempre ficou com a navalha no pescoço. Resultado? Aproveitamento de 16,7%, nenhuma vitória e a consequente demissão.

Acostumado a operações de emergência – vide Ceará em 2015- Lisca tomou as rédeas e tratou de aproximar-se no vestiário de jogadores como Ewerthon Páscoa, Fumagalli, Leandro Santos e Richarlyson. Com métodos simples e transparência na escalação e no trato com os atletas, ganhou a confiança do elenco e proporcionou melhoria no gramado.

Perceba: não há participação decisiva de nenhum dirigente ou influência de estrutura de primeiro mundo. Novamente é o Salvador da Pátria. Pode até dar certo. Mas está longe de ser o correto.Ao invés de procurar heróis e fazer trabalhos de curto prazo, os dirigentes deveriam apresentar um plano factível de melhoria da infra-estrutura e organograma profissional do futebol. Nem que seja algo provisório diante da saída no futuro do Brinco de Ouro e consequente construção de um novo Centro de Treinamento.

Que uma possível fuga da degola sirva para o Guarani cair na realidade e dispensar a utilização de seres iluminados. Que no fundo são falhos e têm prazo de validade. Sempre.

(análise feita por Elias Aredes Junior)