No dia 11 de setembro estive presente em um evento de homenagem na Ponte Preta aos ex-presidentes do Conselho Deliberativo e da diretoria executiva. Noite agradável e ofício jornalístico feito com satisfação.
Missão cumprida, acionei o celular para chamar um veículo por intermédio de um aplicativo de transporte.
Minutos depois, o motorista apareceu. Seu nome era Welton. Falei o destino e começamos a prosear. Ao saber que estava presente no estádio Moisés Lucarelli a trabalho, teve uma declaração em tom de saudade com lamento. “Fazia tempo que não vinha aqui. Antes, vinha todos quase todos os dias”.
Perguntei o motivo e ele me disse que atendia a um jogador do elenco pontepretano. Ato contínuo, quis saber quem era. Resposta imediata. “O Thalles, o jogador que faleceu neste ano”.
Ele recordou sobre a generosidade do jogador, sua obsessão em sempre querer ter gente por perto, e em dado instante da viagem falou sobre um episódio emblemático: o derbi do Campeonato Paulista, quando a Ponte Preta venceu por 3 a 0 e Thalles anotou o primeiro gol e utilizou uma máscara de gorila na comemoração.
Pois bem. Welton assegura que uma participação decisiva no episódio. Prefiro deixar que ele conte.
“O Thalles queria fazer algo diferente no dérbi. Sabia da importância do clássico. E durante toda a semana ele percorreu os shoppings da cidade atrás da máscara. Não achou. Na sexta-feira, ele acionou os amigos dele e em uma das viagens que fiz com ele o assunto veio a tona. Falei que sabia onde encontrar. No sábado pela manhã fui a uma loja de festas no centro da cidade e lá adquiri a máscara. Depois entreguei na concentração para ele”, contou.
Após o ouvir o relato, a viagem chegou ao fim. Me despedi e pedi permissão se poderia contar essa história com Thalles. Ele concordou. Saí do carro convicto que o futebol vai muito além das quatro linhas.
E quem não entende tal conceito cá entre nós: sequer entende de futebol.
(Elias Aredes Junior- foto de Rodrigo Corsi-Federação Paulista de Futebol)